À SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS

 

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Foto de Lucas Merçon

... um copo de veneno letal me obrigaram a beber para, em seguida apunhalar pelas costas com uma espada afiada cravada cirurgicamente. O Fluminense me fez engolir a derrota vexatória para o CSA em nossa casa, o "solo sagrado" do Maracanã. Um time de Alagoas com 4 gols no Brasileiro, até então, e com a bola certeira do Jonatan Gomez, autor do único tento do duelo, findou o jejum de oito jogos em cima do meu Grande Amor e a torcida alagoense comemorou feito conquista de final, pela postura aguerrida em campo. 

Com respeito o adversário, considerava até o desfecho um confronto com certo favoritismo e com muitas possibilidades de nova vitória e, assim, acalmar um pouco os ânimos e ver o grupo ganhar confiança. 

O grupo começou disposto e imprimiu velocidade para  domínio do campo de defesa do rival, com posicionamento correto. Até os cinco primeiros minutos criou boas chances, com chutes de Allan e Yony. A primeira etapa terminou com algo em torno de 16 finalizações do Tricolor contra 6 deles e nenhuma dessas bolas entrou, algumas por defesas bem feitas de Jordi e outras por erros de finalização.

Torna-se enfadonho repetir “erros de finalização” em todas as resenhas, mas é a verdade nua e crua. Torcida manifestou-se no apito final, com vaias e xingamentos ao Diniz, presente na beirada do campo todo o tempo a gritar instruções. Perguntei-me sobre o que ele estaria a pensar naquele momento, onde seu rosto exibiu tensão, e pela primeira vez pensei “ele vai rodar”, e também deduzi que este seria o eu devaneio.

Sobre a arquibancada vaiar o time na saída do intervalo, Daniel, em atuação fraca e sem criatividade e isso foi crucial, disse:

"Torcedor tem todo direito de vaiar quando vem aqui esperando o time fazer um bom resultado. Pecamos muito, com coisas bobas. Temos que voltar de cabeça erguida para vencer esse jogo.”

Na volta para o segundo tempo, Fernando Diniz fez sua primeira alteração, tirou João Pedro (até agora não entendi, ele podia ter sacado Daniel e recomposto o meio) para a entrada de Wellington Nem, que cobriu o lado direito. Desta forma, Yoni assumiu o meio, como um centroavante, e Marcos Paulo na esquerda. 

Para a segunda etapa, o adversário foi inteligente e reforçou o que tem de melhor no elenco, os defensores e laterais. Montou um esquema bruto para fechar com a mais alta eficiência as possíveis subidas do ataque Tricolor. Jogaram como se fosse uma final de campeonato e travaram as triangulações, além de limitarem as possibilidades de jogo. Numa dessas disputas com um dos zagueiros, Yuri levou cartão amarelo e está fora do próximo jogo. Outra troca, desta vez, de Daniel por Brenner e isso deixa o Fluminense com quatro atacantes. 

O jogador entrou e logo participou de uma bela jogada que por muito pouco não levou ao gol. Em lance bonito de Marcos Paulo, ele cruza para Brenner cabecear, mas a bola resvalou no travessão. Yoni, bem posicionado, pegou o  rebote e tentou de cabeça só que pelota foi desviada pelo marcador. 

O time lembrou-se de jogar pelas laterais e a ideia partiu do eficiente Caio Henrique, livre de sua marcação, subir com velocidade e servir o Ganso e ele perdeu um gol feito e colocou  bola por cima do travessão. Caio Henrique de novo passou para Marcos Paulo que achou Wellington Nem, em outro chute que poderia ter sido e foi para fora. 

Aos 33 meu coração parou de tristeza. Gol do adversário. 

Foram trinta finalizações no final da partida e nenhuma bola entrou. O repórter perguntou ao Ganso, com o intuito de “fogo no parquinho”, sobre possível demissão de Fernando Diniz e foi curto:

“Não acredito que seja problema do técnico. Nós pecamos muito nas finalizações.”

Possíveis pênaltis. O ex-árbitro Sandro Meira Ricci e alguns comentaristas de rádio afirmaram que dois pênaltis foram feitos em cima de jogadores do Fluminense e não marcados pelo juiz, assim como o VAR fez que não viu. Um deles em cima e Daniel e outro do Ganso. 

Diniz também teceu críticas contra a arbitragem e sobre os dois pênaltis não marcados e questionou o uso do VAR. Lances que ele considerou “difíceis de engolir". Mesmo assim, tendo completo entendimento do peso da situação desfavorável e o desagrado da torcida, ele fez sua análise de pontos importantes: 

“Lido bem com a pressão e não jogo a toalha. Sigo lutando para tudo funcionar. Mas tivemos boas chances hoje e em outros jogos também. Um time que finaliza desse jeito. O CSA só teve uma chance clara, do gol. É difícil perder jogos assim. O torcedor está aborrecido, é natural. Mas ele também está apoiando muito, acreditando. No final do jogo, é normal vaiar, aceitamos. Estamos muito chateados também por o torcedor ter que fazer esse protesto legítimo ao fim da partida”, analisou. 

O que esperar Diniz? 

“É difícil fazer a análise dessa forma pela pressão por resultados, mas o trabalho do treinador é criar o maior número de chances possíveis e negá-las ao adversário. Tentamos fazer isso hoje. A gente tinha que fazer o gol e não poderíamos ter tomado. Tínhamos condições de fazer isso”, repetiu-se.

 

Invadiu-me imensa saudade de antigos nomes de muitos de nossos plantéis campeões e que já fizeram nossa torcida morrer de amor... Inclusive o título é uma alusão a um dos livros de Nelson Rodrigues e eu sou curiosa o imaginar o que diria sobre Diniz. 

Nostalgia sempre é gostoso, faz reafirmar que “Nós Somos a História”. 

 

Carla Andrade