103 ANOS DO TEMPLO DO FUTEBOL ARTE

 

Foto: Divulgação/Santos FC

 

No dia 12 de outubro de 1916, um novo estádio de futebol era inaugurado no Brasil. E apesar de seu nome oficial ter passado a ser Estádio Urbano Caldeira em 1933, o lugar ficou conhecido mundialmente com outro nome, o nome do bairro em que fica localizado em uma cidade do litoral paulista, em Santos. O estádio ficou conhecido como VILA BELMIRO.

Hoje a segunda casa de todos os santistas está completando 103 anos, e talvez você se questione a imaginar “o que sonhou aquele conselho quando decidiu criar um estádio de futebol”?

Será que teriam pelo menos uma vaga ideia de quanto talento se revelaria naquele gramado, de quantas taças seriam erguidas ali, de quantas lágrimas seriam derramadas sejam elas em momentos de alegria ou em derrotas?

Será que imaginam o quanto de amizades e amores, as arquibancadas daquele lugar formariam?

Será que tinham ideia de quanto grito seria ecoado naquelas arquibancadas, e de quão longe viriam inúmeras pessoas para conhecer o Berço de Craques? Das defesas incríveis de Rodolfo aos gols inesquecíveis de Pelé, Giovanni e companhia. Será que sua paixão pelo Santos conseguiria dimensionar, naquela época, o quão apaixonados seriam os que lotam a Vila e cantam, vibram e empurram o alvinegro? 

A Vila Belmiro é capaz de despertar em seus frequentadores emoções tão fortes que é até mesmo difícil de explicar, traz a sensação de estar em casa mesmo se for a primeira vez que esteja pisando lá, traz o sentimento que acolhimento, de pertencimento. Somos Vila Belmiro. Somos o Alçapão.

Nesses 103 anos, a Vila não perdeu sua essência, mesmo tendo “filhos” que julgam que ela deveria ser demolida, abandonada ou esquecida. Afinal, o futebol moderno e a “comodidade” de arenas caras que muitos times de futebol se renderam a construir e cobram preços absurdos de entradas fazem com que a Vila aos olhos dos outros se torne obsoleta, sem conforto e outras coisas absurdas que se você for discutir com algum apaixonado por esse local... Ah, é melhor sair de perto!

Nos 100 anos da Vila, em 2016, uma frase durante o amistoso em comemoração ao aniversário do local entre Santos x Benfica, definiu muito bem o que a Vila Belmiro representa. 

“A diferença da Vila para as Arenas por aí é que aqui tem HISTÓRIA”.

E ah, como tem história... Uma história que emociona e faz parte da vida de inúmeros torcedores como Carolina e Andramara. Duas torcedoras alvinegras que carregam a paixão pelo Peixe e um amor inexplicável pelo Alçapão. A diferença, além da distância, foi a idade em que as duas tiveram a oportunidade de pisar a primeira vez no local, Carol, teve a oportunidade de conhecer a Vila ainda criança, já Andra conseguiu realizar o sonho após se tornar adulta, enfrentando mais de 30 horas de viagem.

Aos sete anos de idade, Carolina Ribeiro teve a oportunidade de conhecer a Vila Belmiro pela primeira vez ao lado da família. A lembrança mais recente e marcante que tinha do clube havia sido a final do Brasileiro de 2002, contra o Corinthians em que o Peixe se sagrou campeão.

“Foi em um Santos e Vitória, a primeira vez que pisei na Vila. Lembro até hoje de ter ganhado uma faixinha de cabeça escrito ‘Santos’ e do meu coração acelerado ao pisar ali. Fiquei encantada e me apaixonei pelo lugar”, afirma Carol.

 

Foto: Arquivo Pessoal Carol

 

Com o passar dos anos, a estudante de jornalismo conta que o seu amor pelo local cresceu e as visitas à Vila se tornaram frequentes.

“Quando pequena, amava ir à Vila, ia sempre acompanhada. Mas depois dos meus 15 anos, já comecei a ter a oportunidade de ir sozinha, meus pais sabem que considero lá como minha segunda casa e que conheço aquele lugar muito bem. Um lugar que já fiz inúmeras amizades, já chorei, já sorri, já comemorei, já sair desnorteada, e conheci o amor da minha vida!”, conta Carol.

Mas, na hora de explicar, o sentimento de estar no lugar, ainda faltam palavras...

“Não tem nem como explicar, é uma sensação de pertencimento enorme. É uma mistura de paz absurda com o sentimento de estar no lugar certo no mundo. A Vila é única e insubstituível”, finaliza Carolina.

Já a torcedora Andramara tem uma história diferente. Moradora de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, nutriu por anos a vontade de conhecer a Vila. Mas a dificuldade por conta da distância, logística, custo, acabava adiando cada vez mais.

Em 2016, a torcedora se programou para conseguir realizar seu sonho e assistir a última rodada do Brasileirão daquele ano na qual o Peixe jogaria em casa contra o América-MG. Mas o que Andramara não contava é que aconteceria aquele acidente com o avião da Chapecoense, que adiou a rodada e os planos de conseguir assistir a partida.

 

Foto: Arquivo Pessoal Andra

 

“Nunca é como gostaríamos ou esperávamos, não é? Pedi uns dias de folga, que paguei depois, e no dia 1 de dezembro saí daqui. São 26 horas de ônibus daqui a Minas Gerais, minha primeira parada, e mais dez horas de Minas a Santos. Uma viagem longa e que valeu cada segundo. Cheguei na manhã de segunda-feira, o melhor dia da semana, meu preferido, e não havia jeito melhor de começar essa aventura.  não tinha jogo naquele dia mas isso não era motivo para não querer ver minha casa de perto”, conta Andra

A torcedora conta que diferente de tantos torcedores que quando falam da Vila contam sobre jogos memoráveis no local, a lembrança que ela possui do local é exatamente a de pisar no gramado em um dia comum.

“Tive o prazer de pisar naquele gramado dias depois, pude conhecer lá dentro, tirar mil fotos para mostrar para todo mundo (literalmente), mas nada se compara a primeira vez que a vi. Ainda de longe eu já sentia sua vibração, meu coração mais acelerado. Sou muito chorona, muito mesmo, dessas que não conseguem segurar”, explica com emoção.

E o sentimento? Como o de qualquer outro torcedora, Andramara conta algo que é difícil de explicar.

“Olhando para trás agora parece uma coisa tão simples, mas naquela tarde minha vida de torcedora finalmente encontrou sentindo. Poder tatear aqueles muros, olhar para cima, me sentir uma criança, ler o nome... Não dá para descrever o sentimento de estar ali. Por dentro ela é linda, por fora imponente”!”, finaliza a torcedora.

Vida longa ao Estádio Urbano Caldeira, a nossa Vila. Que venham mais 103 anos despertando nos torcedores as mais puras e sinceras sensações.

 

Por Andra Jarcem e Carolina Ribeiro

Foto: Divulgação/Santos FC

 

No dia 12 de outubro de 1916, um novo estádio de futebol era inaugurado no Brasil. E apesar de seu nome oficial ter passado a ser Estádio Urbano Caldeira em 1933, o lugar ficou conhecido mundialmente com outro nome, o nome do bairro em que fica localizado em uma cidade do litoral paulista, em Santos. O estádio ficou conhecido como VILA BELMIRO.

Hoje a segunda casa de todos os santistas está completando 103 anos, e talvez você se questione a imaginar “o que sonhou aquele conselho quando decidiu criar um estádio de futebol”?

Será que teriam pelo menos uma vaga ideia de quanto talento se revelaria naquele gramado, de quantas taças seriam erguidas ali, de quantas lágrimas seriam derramadas sejam elas em momentos de alegria ou em derrotas?

Será que imaginam o quanto de amizades e amores, as arquibancadas daquele lugar formariam?

Será que tinham ideia de quanto grito seria ecoado naquelas arquibancadas, e de quão longe viriam inúmeras pessoas para conhecer o Berço de Craques? Das defesas incríveis de Rodolfo aos gols inesquecíveis de Pelé, Giovanni e companhia. Será que sua paixão pelo Santos conseguiria dimensionar, naquela época, o quão apaixonados seriam os que lotam a Vila e cantam, vibram e empurram o alvinegro? 

A Vila Belmiro é capaz de despertar em seus frequentadores emoções tão fortes que é até mesmo difícil de explicar, traz a sensação de estar em casa mesmo se for a primeira vez que esteja pisando lá, traz o sentimento que acolhimento, de pertencimento. Somos Vila Belmiro. Somos o Alçapão.

Nesses 103 anos, a Vila não perdeu sua essência, mesmo tendo “filhos” que julgam que ela deveria ser demolida, abandonada ou esquecida. Afinal, o futebol moderno e a “comodidade” de arenas caras que muitos times de futebol se renderam a construir e cobram preços absurdos de entradas fazem com que a Vila aos olhos dos outros se torne obsoleta, sem conforto e outras coisas absurdas que se você for discutir com algum apaixonado por esse local... Ah, é melhor sair de perto!

Nos 100 anos da Vila, em 2016, uma frase durante o amistoso em comemoração ao aniversário do local entre Santos x Benfica, definiu muito bem o que a Vila Belmiro representa. 

“A diferença da Vila para as Arenas por aí é que aqui tem HISTÓRIA”.

E ah, como tem história... Uma história que emociona e faz parte da vida de inúmeros torcedores como Carolina e Andramara. Duas torcedoras alvinegras que carregam a paixão pelo Peixe e um amor inexplicável pelo Alçapão. A diferença, além da distância, foi a idade em que as duas tiveram a oportunidade de pisar a primeira vez no local, Carol, teve a oportunidade de conhecer a Vila ainda criança, já Andra conseguiu realizar o sonho após se tornar adulta, enfrentando mais de 30 horas de viagem.

Aos sete anos de idade, Carolina Ribeiro teve a oportunidade de conhecer a Vila Belmiro pela primeira vez ao lado da família. A lembrança mais recente e marcante que tinha do clube havia sido a final do Brasileiro de 2002, contra o Corinthians em que o Peixe se sagrou campeão.

“Foi em um Santos e Vitória, a primeira vez que pisei na Vila. Lembro até hoje de ter ganhado uma faixinha de cabeça escrito ‘Santos’ e do meu coração acelerado ao pisar ali. Fiquei encantada e me apaixonei pelo lugar”, afirma Carol.

 

Foto: Arquivo Pessoal Carol

 

Com o passar dos anos, a estudante de jornalismo conta que o seu amor pelo local cresceu e as visitas à Vila se tornaram frequentes.

“Quando pequena, amava ir à Vila, ia sempre acompanhada. Mas depois dos meus 15 anos, já comecei a ter a oportunidade de ir sozinha, meus pais sabem que considero lá como minha segunda casa e que conheço aquele lugar muito bem. Um lugar que já fiz inúmeras amizades, já chorei, já sorri, já comemorei, já sair desnorteada, e conheci o amor da minha vida!”, conta Carol.

Mas, na hora de explicar, o sentimento de estar no lugar, ainda faltam palavras...

“Não tem nem como explicar, é uma sensação de pertencimento enorme. É uma mistura de paz absurda com o sentimento de estar no lugar certo no mundo. A Vila é única e insubstituível”, finaliza Carolina.

Já a torcedora Andramara tem uma história diferente. Moradora de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, nutriu por anos a vontade de conhecer a Vila. Mas a dificuldade por conta da distância, logística, custo, acabava adiando cada vez mais.

Em 2016, a torcedora se programou para conseguir realizar seu sonho e assistir a última rodada do Brasileirão daquele ano na qual o Peixe jogaria em casa contra o América-MG. Mas o que Andramara não contava é que aconteceria aquele acidente com o avião da Chapecoense, que adiou a rodada e os planos de conseguir assistir a partida.

 

Foto: Arquivo Pessoal Andra

 

“Nunca é como gostaríamos ou esperávamos, não é? Pedi uns dias de folga, que paguei depois, e no dia 1 de dezembro saí daqui. São 26 horas de ônibus daqui a Minas Gerais, minha primeira parada, e mais dez horas de Minas a Santos. Uma viagem longa e que valeu cada segundo. Cheguei na manhã de segunda-feira, o melhor dia da semana, meu preferido, e não havia jeito melhor de começar essa aventura.  não tinha jogo naquele dia mas isso não era motivo para não querer ver minha casa de perto”, conta Andra

A torcedora conta que diferente de tantos torcedores que quando falam da Vila contam sobre jogos memoráveis no local, a lembrança que ela possui do local é exatamente a de pisar no gramado em um dia comum.

“Tive o prazer de pisar naquele gramado dias depois, pude conhecer lá dentro, tirar mil fotos para mostrar para todo mundo (literalmente), mas nada se compara a primeira vez que a vi. Ainda de longe eu já sentia sua vibração, meu coração mais acelerado. Sou muito chorona, muito mesmo, dessas que não conseguem segurar”, explica com emoção.

E o sentimento? Como o de qualquer outro torcedora, Andramara conta algo que é difícil de explicar.

“Olhando para trás agora parece uma coisa tão simples, mas naquela tarde minha vida de torcedora finalmente encontrou sentindo. Poder tatear aqueles muros, olhar para cima, me sentir uma criança, ler o nome... Não dá para descrever o sentimento de estar ali. Por dentro ela é linda, por fora imponente”!”, finaliza a torcedora.

Vida longa ao Estádio Urbano Caldeira, a nossa Vila. Que venham mais 103 anos despertando nos torcedores as mais puras e sinceras sensações.

 

Por Andra Jarcem e Carolina Ribeiro