ANIVERSÁRIO DE 48 ANOS DA FORÇA FLU

 

 

O dia 25 de novembro de 1970 é mais do que especial para os integrantes de uma das mais antigas torcidas organizadas do nosso Fluminense. Anualmente, o aniversário é sempre motivo de comemoração e máximo respeito. Chamei Fábio Esteves, meu amigo e parceiro de torcida, para uma prosa sobre a data e pontos de extrema relevância para o atual momento das nossas TOs. Como sempre, nossas conversas são extremamente prazerosas e cheias de troca. Fabinho atualmente é vice-presidente da TFF. Ele tem uma das mais belas histórias de bancada que conheço. Chegou como ritmista, por volta dos 16 anos, trazido por Fábio Metaleiro, saudoso amigo, que levou seu bonde da Young Flu para a Força. 

Uma das coisas que mais me agrada nele é a forma como tenta resgatar o elo entre componente e diretoria. Ele se comunica com facilidade, tem o respeito da galera e transita. Habilidades perfeitas para um líder. Como bom capricorniano, ele se diz "um chato que cobra e quer a perfeição. O pessoal costuma brincar e chamá-lo de "velho" por esse seu estilo pessoal.

 

 

 

 

(Fotos: arquivo pessoal)


Sou grande admiradora do seu trabalho e já aprendi muito com ele. Para Fábio, nunca tem tempo ruim e ele está sempre disposto a resolver das situações mais corriqueiras até as mais enroladas. Começamos o papo comentando a importância desta data.

"48 anos. Quantas torcidas organizadas no Brasil têm essa idade? Muito poucas. Esse é um enorme motivo para celebrar e comemorar nossa resistência. A Força Flu está viva e ativa até hoje. Não deixamos morrer e isso não foi tarefa fácil. Importante foi ver a torcida vencer as dificuldades. A TFF já viveu grandes momentos. Teve a época das competições das torcidas para saber qual delas levava mais bandeiras para o Maracanã. A Força aparecia com 50 bandeiras e uma bateria completa. Era um espetáculo. O cenário atual é bem distinto e as organizadas vivem certa turbulência com essas novas normas do Ministério Público e do GEPE. A burocracia dificulta e o sistema sufoca e oprime, sem ofertar a mesma liberdade dos tempos passados, a de fazer uma verdadeira festa na arquibancada. Com isso, lutamos a cada jogo para manter a unidade da torcida. Por tudo isso, faremos a festa por, depois de algum tempo afastada, ela volta a estar presente", comenta.

 

              

 

                     

(Foto: arquivo pessoal)

 

Fabio segue destacando as mudanças dentro do mundo das organizadas.

"A maneira de torcer mudou, assim como a de administrar uma TO e a mente do torcedor. São outros tempos e precisamos nos adaptar. Conseguimos alguns avanços e temos hoje a torcida como um espaço democrático. Vivenciamos nossa primeira eleição recentemente e foi uma grande conquista. Muitos pensam que ser de organizada é só aparecer no dia do jogo de camisa e gritar o jome do time. Não é assim. A organizada transformou-se numa cultura, com o passar dos anos, um meio de vida. Perceba como cada componente tem um jeito de se vestir, um modo de se expressar, criou suas características individuais. Somos uma família", avalia. 

 

 

(Foto: arquivo pessoal) 



Me fale um pouco sobre sua visão de tais mudanças.

"No Brasil, o que se faz no Rio de Janeiro é diferente do que é realizado em São Paulo, Minas Gerais ou no Nordeste. Cada estado desenvolve um tipo de trabalho. Por isso, afirmo, que um dos meis grandes legados em minha trajetória foi ter participado de tantas caravanas. Já viajei de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Claro que ia ver meu Fluminense jogar, mas não era só isso. Eu viajava para aprender e observar como os outros faziam e pesquisei muito. Passei um mês com uma de nossas aliadas, a Esquadrão Vilanovense, em Goiânia, e foi uma experiência rica Que torcida linda que faz como poucas sua bancada. Aprendi muito com a Leões da TUF, a meu ver a melhor organizada do país. Eles desenvolvem um trabalho muito bem feito no Bonde da Sede. Com isso, pesquei um pouco aqui, um pouco ali. Teve também minhas referências com o Comando Vermelho, do CRB, em Maceió. Creio funcionar assim, vai misturando as ações, avalia e forma sua opinião. Este é meu atual processo, crio elementos em cima de tais vivências e penso em implantar muitas coisas dentro da Força Flu", revela.

Pode adiantar tais projetos?

"Tenho vários e não apenas com a diretoria. Desenvolvo ideias com os componentes também. Uma das coisas que aprendi foi que a torcida e a diretoria precisam viver em harmonia. Um depende do outro e somente unidos podem fazer o que precisa ser feito. Sei que nosso trabalho é a longo prazo e que temos tudo para voltar a ser uma torcida muito bem organizada. Queremos voltar com nosso bandeirão, rever um local para ser nossa sede e cuidar de nosso patrimônio. Inclusive me inspirei muito no projeto da Leões da TUF. Sei qur podemos voltar a ter uma bancada forte e representativa", disse.

Você falou da relevância dessa união entre componente e diretoria. Me fala sobre essa nova galera que entrou a pouco para a Força.

"Ah eu sou um chato com a molecada. Vou sempre pedir o melhor de cada um e, mesmo se fizerem com capricho, ainda vou reclamar de alguma coisa (risos). A evolução de cada um depende disso. Pode até estar quase perfeito, mas pode ficar melhor. Agora tem de tudo, é um meio social com muitos tipos de pessoas. Eu destaco os que vieram cheios de disposição, os que colocam a mão na massa para ajudar. Temos uma safra nova com muitos talentos. Alguns precisam ser burilados e passamos para eles alguns ensinamentos. Só com a vivência se aprende. Devagar eles chegam lá. Eu não gosto qur ninguém fale dos meus. Se eu tiver que enquadrar, chamo no particular. Agora em público mantenho o respeito. Eles são os melhores que posso ter", elogia. 

 

 

 

(Foto: arquivo pessoal) 

 



E como administra a sua vida em função da sua participação dentro da TFF?

"Não tenho vida fora da torcida, Carlinha. Minha filha, Fernandinha, nasceu no meio da Força Flu e me acompanha sempre aos jogos. Meus amigos são da TO, assim como os inimigos", diz com um sorriso divertido. 

Então você vive a Força Flu por 24 horas?

"É a minha grande paixão, sem dúvidas, e eu estou em fase de lua de mel com ela e com o coração cheio de esperança. Sei que podemos, com trabalho e foco, fazer um ano de 2019 melhor do que esse que está prestes a se encerrar. Estou com muita fé no prosseguimento do nosso trabalho. Difícil assumir responsabilidades e tentar implantar novidades e toda a mudança gera um certo atrito. A transição não foi fácil. Uma de nosdad principais metas agora é refazer nosso material e, graças a Deus, estamos recebendo um bom apoio dos nossos", afirma

Minha gratidão pela entrevista parceiro. Que a Força Flu retome seu lugar se destaque nas arquibancadas do pais.

Por: Carla Andrade