AS MULHERES QUE FAZEM O INTERNACIONAL

Dentro de campo, fora das quatros linhas, na ouvidoria, nas diligências, nas BANCADAS, o Internacional, o Clube do Povo, é feito de muitas mulheres e isso não é de hoje.

 

O clube que orgulhosamente carrega o maior quadro social feminino do país, com 25% de seu quadro social formado por mulheres, também tem gravado na sua história outra marca orgulhosa.

 

Em 2 de abril de 1918, Maria Von Ockel se tornou a primeira sócia do Sport Club Internacional, mais do que isso, Maria tornou-se a primeira mulher a associar-se a um clube brasileiro de futebol.

 

Já se vão 101 anos desta data e o que se vê nas arquibancadas, nas ruas, no entorno do Beira Rio ou em cidades mais longes, é que este amor só  faz crescer, a torcida feminina torna se a cada dia mais presente, mais atuante e mais viva dentro de cada parte da instituição Sport Club Internacional.

 

8 de março, Dia Internacional da Mulher, data que muito mais deve ser lembrada pelas lutas que travamos todos os dias em busca de nossos ideais e de direitos iguais.

 

Pensando nisso e em todas as provas de amor que nós já vimos dentro e fora do Beira Rio, nós percorremos o estádio pelos degraus onde assistimos e apoiamos e também por dentro, onde muitas mulheres trabalham pelo Internacional para falar sobre o nosso amor.

 

 A gente começa pela arquibancada e por uma das figuras mais apaixonadas da torcida colorada, com 86 anos de amor pelo Inter e uns 50 de presença no estádio, a Vó Noêmia.


 

(Reprodução internet)

 

Qual a sua primeira lembrança com o Internacional Vó?

Quando eu era menina e morava no interior, com muita dificuldade a gente conseguia ouvir rádio. A única que tinha era a Rádio Farroupilha. Meus pais eram colorados, a minha mãe era ainda mais colorada que o meu pai, e eles costumavam ouvir o Inter pelo rádio. Eu acabei ouvindo junto e mesmo conhecendo o Grêmio também (por ser mais antigo), meu coração escolheu o Inter.


 

São muitos anos de amor ao Inter e a senhora com certeza já passou por muitas outras mulheres que amam o nosso clube, qual a sensação de ver um clube que tem tantas torcedoras presentes e atuantes?

É uma grande satisfação! Na época em que comecei a frequentar o estádio, dava pra contar quantas mulheres tinham nas arquibancadas. Quando elas começaram a perder o medo de serem intimidadas e ofendidas pelos homens, passando a frequentar mais o estádio, me senti muito mais amparada vendo outras torcedoras com a mesma coragem que eu. A gente ainda passava por alguns constrangimentos, mas nunca deixamos de ir. Hoje, se as mulheres não são a maioria, são a metade do Beira-Rio.

 

A senhora viu o estádio ser erguido pelos torcedores, conquistar muitas coisas e também ter momentos muito difíceis, se a senhora tivesse que citar o melhor e  o pior desses momentos. Quais seriam?

O melhor momento do Inter pra mim foi quando o time foi campeão do mundo porque é uma consagração muito grande, ainda mais pra um time gaúcho que tem menos visibilidade que os times de outras grandes capitais. Nosso clube nunca foi o time dos poderosos, dos ricos, da alta sociedade, era o time dos humildes.

 

(Reprodução internet)

 

Um recado da Vô Nôemia para as nossas torcedoras 

Eu queria dizer para as torcedoras, principalmente para as jovens, que não desistam do futebol. Mulher tem direito sim de ir onde quiser, em especial ao futebol, que é uma paixão inexplicável. Eu noto que a mulher gaúcha é uma valorosa em matéria de futebol porque ela adora, ela vai, ela torce, ela se sacrifica, ela passa momentos difíceis (até humilhações), mas ela levanta a cabeça e vão em frente. É isso que eu admiro nessa torcida.

 

Pelo Inter a gente faz qualquer sacrifício porque não existe no mundo time maior... pelo menos para mim. Acreditem sempre!


 

Ainda correndo as arquibancadas do Beira Rio e suas histórias, é a vez de falar com a Juliana Coutinho, July como é conhecida.

July foi presidente da Torcida Organizada Camisa 12 por seis anos. 

 

A frente da mais tradicional torcida organizada do Internacional e de uma das mais importantes torcidas do Sul do país, July já atravessou estados e países para apoiar o clube.

 

Como foi ter sido presidente de uma torcida organizada com tanta importância dentro do Inter?

Foram 6 de anos de muito trabalho, de acertos e erros....Foi uma fase da minha vida muito importante. Tenho muito orgulho de ter sido presidente de uma grande torcida reconhecida em todo o Brasil. Foram muitos anos de aprendizagem e muito carinho pelo Internacional e pela torcida.

 

Como é ser mulher e fazer parte de uma torcida organizada, levando em conta todos os estigmas e os preconceitos que isso carrega?

Sou de torcida a muitos anos, então nunca me senti diferente de ninguém nos estádios e excursões...nunca senti nenhum tipo de preconceito, até mesmo quando fui presidente. Sempre fui bem recebida em todos os lugares.

 

Foto: arquivo pessoal

Da esquerda para a direita, July com 15 anos.


 

São quantos estádios visitados? Quantos países?

Conheço de norte ao sul do país...Foram muitas caravanas ao longo da minha jornada. Não tenho nem ideia de quantos estádios já fui. Sei que faltam 5 para mim conhecer.

Fora do país fui em poucos, Argentina e Uruguai.

 

Se tu fosse falar diretamente para as mulheres que fazem parte deste "mundo de organizadas" o que tu diria?

Para as mulheres de torcida eu sempre falo a mesma coisa, se valorizem, se deem respeito, porque isso é muito importante na caminhada de torcida organizada. Lutem pelo que vcs acham certo e nunca traiam a sua bandeira.

 

Pra ti, o que é representar o Internacional, carregar as cores do clube?

O Internacional  é minha paixão, é minha vida . Sempre tive orgulho do meu time e sempre estarei pronta para representá-lo.

 

Subindo a serra temos, na cidade de Canela, o grupo PFC- Poder Feminino Colorado, que foi criado por torcedoras para se reunir e fortalecer tanto o amor pelo clube quanto a união feminina.

Ágata é uma das idealizadoras do projeto.

 

Ágata, a quanto tempo o grupo existe? Como ele surgiu?

O PFC existe a um ano, sempre tivemos vontade de fazer algo independente e empoderado voltado a mulheres, então em meio a conflitos, percebemos que não tínhamos espaço e reconhecimento junto a torcida da nossa cidade, unimos toda nossa força e amor ao clube para torcer e lutar contra o patriarcado. 

 

Como é ser torcedora e morar longe do estádio, como é acompanhar seja nos bares/locais onde vocês costumam assistir e também as viagens?

Morar longe do estádio é como ter um pedacinho do coração em outro local, sentimos muita falta do gigante, mas infelizmente a rotina, trabalho e estudos não permitem a presença física frequente, para matar um pouco da saudade nos reunimos em bares e torcemos juntas. Sem dúvida as viagens são a parte mais divertida, onde esquecemos todas as diferenças e tudo o que importa é o INTER, saímos cedo, cantamos, bebemos e na volta o cansaço sempre vale a pena. 

 

O que o grupo agregou na tua vida, como mulher e como torcedora?

O grupo mudou a minha forma de pensar, me tornei mais humana e aprendi a lidar com as diferenças, as gurias me inspiram todos os dias a ser alguém melhor e lutar pelo nosso lugar, seja ele no estádio, no trabalho ou onde quisermos. Fico muito feliz de dividir o meu maior amor com mulheres tão especiais e guerreiras.


 

Foto: arquivo pessoal do grupo

 

A Ágata está grávida de 16 semanas, de uma menina, mais uma torcedora que virá ao mundo e em breve nos acompanhará nas arquibancadas.

 

A gente sabe que a Maya está vindo aí, se tu pudesse hoje já deixar uma mensagem para ela como torcedora, o que tu diria? 

Minha filha, nunca deixe alguém menosprezar o teu amor pelo clube apenas por ser mulher, lute pelo teu espaço, torça, cante muito e aproveite a loucura que é ser colorada, muitos não entenderão esse amor, mas tu vai sentir, vai ser lindo e INTERminável.


 

Dividindo o amor entre o coração torcedor e o que trabalha dentro do clube, Najla Rodrigues Diniz, hoje atual presidente da Diretoria de Inclusão Social do Colorado, mas que já trabalha no Internacional há mais de 3 anos.

Foto: arquivo pessoal

 

Najla, como é trabalhar no clube do teu coração? Como é ser mulher e trabalhar num clube de futebol de tamanha expressão como o Internacional?

Trabalhar pro Inter é a parte mais bacana do meu cotidiano. Aquele misto de emoção toda vez que vou ao estádio com o peso da responsabilidade de saber que tem tanto a fazer pra mulher  se firmar ainda mais na vida política do clube. Toda vez que vou ao Beira-Rio, me emociono. Pra reunião, pra jogo, pra ação... Sempre, tudo que faço pro e no colorado é movido a emoção.

 

Antes da Diretoria de Inclusão Social, criada em junho de 2019, tu já trabalhavas no Colorado com a Ouvidoria do clube. Falando do público feminino, quais eram ou são os maiores apontamentos das torcedoras em questão de melhoria?

Fiquei por dois anos e meio na ouvidoria e por questões estatutárias precisei sair. Aprendi muito no setor que é o termômetro do clube: todas as insatisfações e elogios passam por ali. As mulheres opinam bastante, enviando sugestões e comentando sobre o desempenho do clube em campo. Mas sentíamos falta de um canal de diálogo mais direto com a torcida. A ouvidoria encaminha as demandas para os setores, mas não tem autonomia pra resolver nenhuma questão. Ela sistematiza as demandas e repassa o resolvido. A diretoria de inclusão social veio pra preencher essa lacuna a proatividade que o ouvidoria não pode ter por delimitação de funções. A ouvidoria segue sendo a porta de entrada pra todas demandas e denúncias, formais do clube, a diretoria de inclusão, além de ações específicas, ajuda em emergências dentro do estádio.

 

Tu estás diretamente envolvida em muitas ações que tem muito a dizer justamente sobre a cara do Clube do Povo, acredito que a última seja a criação do canal de denúncias via aplicativo de mensagens. Num todo qual o peso dessa ligação cada vez mais aproximada do clube com a sua torcida?

O clube do povo deve estar ao lado do seu povo. Isso inclui todos os gêneros, todas as origens, todas as condições físicas, todas as camadas sociais, todas as idades e todas as orientações sexuais. O clube já é extremamente democrático no seu sistema eleitoral e isso permite uma maior participação e aproximação com todos e todas que frequentam o estádio. As especificidades de cada grupo dentro desse povo todo que somos devem ser percebidas e trabalhadas de formas distintas: aquela máxima de tratar igual os iguais e diferente os diferentes é seguido nas ações pensadas pela diretoria. 

 

Há poucos dias saiu uma apuração que aponta o Internacional como clube da série A com mais mulheres em seu conselho deliberativo. O teu nome é um dos primeiros que a gente liga a esta informação. Como tu te sente com tamanha força de representatividade?

Eu fico muito surpresa e lisonjeada com essa lembrança. Sempre fui combativa em todas as esferas da vida: como estudante, como mãe, como mulher e como torcedora. Acredito sobretudo na força da coletividade e fico muito feliz em ver que não estou só nesse caminho. 


 

Para finalizar e ainda falando também do conselho deliberativo. São 31 mulheres numa bancada de 346 conselheiros, mesmo sendo o maior quadro dos clubes da série A, ainda somos menos de 10% do total. Qual a importância pra ti de trazer mais mulheres para este “meio”, e o que tu diria pra quem aspira fazer parte?

Quando entrei no conselho, em 2015, chegamos ao "incrível" número de 15 conselheiras. Como tenho como raiz o pé na arquibancada, sempre usei o espaço para mostrar a mulher que gostaria apenas de exercer seu direito se torcer e ocupar espaços nas instâncias deliberativas do clube. Ao contrário do senso comum que ajudamos a desconstruir não estávamos ali pra "embelezar", "tornar suave", "servir café" ou apenas se preocupar com campanhas sociais. Estávamos e estamos ali pra sugerir, pra debater, pra compor, pra gerir e pra decidir sobre nosso amor em comum que é o colorado. Um clube do povo cada vez mais plural, mais humano e mais inclusivo. Este é o maior legado e contribuição que posso dar: o colorado é nosso!



 

Também dos corredores e gramados do Colorado, a preparadora física Suellen Ramos, responsável pela preparação das atletas de um dos projetos que mais vem tendo crescimento no futebol feminino nacional, as Gurias Coloradas.

 

Como é trabalhar num projeto que cada vez mais vem crescendo e sendo valorizado cada dia mais?

É muito gratificante, ainda mais sabendo exatamente como o projeto nasceu e se desenvolveu. Iniciamos de forma amadora e hoje estamos em um patamar profissional. Isso demonstra o quanto nosso trabalho e esforço vem sendo valorizado pelo clube. Saímos do zero e hoje estamos em um grupo da elite do futebol feminino.

 

Foto: divulgação Gurias Coloradas


 

Trabalhar com garotas de várias idades, muitas de fora do estado, longe de suas famílias. Desperta um pouquinho do sentimento de família, de mãe/filha, de tia/sobrinha e como é lidar com isso ?

Desperta no mínimo uma sensibilidade e uma empatia quanto a essa situação. Garotas e mulheres longe da família, que muitas vezes são sustentadas pela profissão de suas filhas. Uma das nossas missões como comissão técnica é deixar o ambiente agradável para que essa ausência familiar não pese tanto na rotina diária e até mesmo no rendimento dessas atletas.

 

No mês de fevereiro as Gurias Coloradas fizeram seletivas para novas jogadoras, foram em torno de 400 atletas que compareceram. Quão significativo são esses números, tanto pro projeto do Inter quanto para as gurias num todo?

Esses números mostram que ainda há muita demanda para o futebol feminino. E que muitas meninas sonham em se tornar uma jogadora de futebol. Atualmente essa é uma opção totalmente possível de acontecer. Muitas oportunidades estão sendo criadas e ver essa quantidade grande de meninas correndo atrás de um sonho é encantador.


 

A torcida colorada cada dia mais vem abraçando as categorias do feminino, embora ainda falte muito, pequenos passos vêm sendo dados na valorização. Se tu puder deixar um recado tanto para quem sonha em jogar futebol, quanto para a torcida colorada.

Para quem sonha jogar futebol é o momento ideal para sonhar. Pois as portas estão se abrindo e os clubes estão investindo. Basta dedicação e comprometimento perante esse sonho, pois ele será realizado!

Hoje em dia temos um número expressivo de torcedores que acompanham nossos jogos, inclusive uma torcida organizada específica das Gurias Coloradas, com até mesmo cantos próprios. Vejo que a torcida está nos abraçando cada vez mais. Antigamente a arquibancada era preenchida por nossos familiares e amigos, atualmente pessoas que nem conhecemos nos acompanham e nos apoiam, é muito bonito ver essa evolução.



 

E lá dentro das quatro linhas, vestindo a camiseta de um clube tão forte, tão representativo e que vem buscando fortalecer o projeto de futebol feminino, como é? Pra falar desse ângulo, só quem calça as chuteiras e entra em campo, a Mariana Pires, atleta do grupo principal das Gurias Coloradas é quem passa a bola.

 

Como foi a primeira vez que tu entrou em campo como jogadora de futebol, algo que que quando é sonhado pelos meninos é visto com tanta naturalidade e quando é sonhado por gurias, muitas vezes ainda é visto com olhos estranhos?

Ainda que eu já soubesse de todo processo e falta de aceitação da sociedade ver uma menina/mulher jogando futebol , foi a realização pessoal do meu sonho. Desde muito nova dedicando tempo , batalhando para alcançar o objetivo maior que era pelo menos disputar campeonatos oficiais femininos , e “lutando” contra todo preconceito , aquele momento de pisar pela primeira vez em campo como jogadora , foi admirável . E a partir dali sabia que era uma batalha dentro de campo e fora dele também !


 

Desde o teu primeiro dia no Internacional até hoje, já existe uma mudança no abraço da torcida para o futebol feminino?

Já existe sim . 

Com a aproximação, visibilidade e marketing que chega até os torcedores, sentimos que essa torcida vem crescendo .

Vamos para os jogos sabendo que tenho esse calor da torcida , que às vezes mesmo não podendo ir aos estádios, estão sempre acompanhando pelas mídias sociais e mandando energias positivas .


 

A coordenadora de futebol feminino do Inter, Duda Luizelli, tem mais de 3 décadas dedicadas ao futebol. Como é trabalhar com ela, o que ela passa à respeito das conquistas da modalidade para vocês?

É muito legal quando você chega em um clube, que tem pessoas apaixonadas pelo que fazem, e se dedicam inteiramente naquilo

O exemplo dela é maior maior, pois sabemos que ela vive o Inter. Uma pessoa boa e dedicada a nossa modalidade, é o que nos faz estar em constante evolução .

Existe a cobrança sim, afinal estamos num esporte que é paixão mundial, e assim somos cobrados para obter os resultados .

Mas sabemos que temos todo suporte por trás disso, e a Duda é essa profissional dedicada e que oferece o melhor para nós atletas .

 

Foto: Mari Capra

 

Todos os dias muitas meninas embarcam no sonho de jogar bola, o que tu diria para elas que querem viver de futebol, tanto para dentro quanto para fora de campo?

Insistiria naquela resposta de não desistir do sonho . 

De treinar, se dedicar, e se esforçar para obter as metas que desejam alcançar . 

Obstáculos e dificuldades sabemos que vão continuar existindo, mas com esforço e força de vontade, no final vai valer a pena toda a dedicação para realizar o sonho de se tornar uma atleta de futebol .


 

Por último, mas não menos importante e especial a nossa conversa atravessou os mares. Se quem iniciou o nosso bate bola foi alguém que viu o gigante ser posto de pé, passou por fases boas e ruins, quem termina nossa conversa é o nosso futuro. Lá na Serra da Estrela, em Covilhã tem um coraçãozinho tão colorado quanto o meu e o teu.

 

A Lauren Rocha, uma mini colorada em tamanho, se mudou com a família há um ano e meio para Portugal. O pai dela, o Nando Rocha, um baita colorado também, foi em busca de conhecimento e especialização.

 

Assim como a Vô Nôemia, a Lau também é bem conhecida nas redes pelas suas peripécias e por ser tão especial.

Foto: arquivo pessoal

 

Lau e Nando, vocês já estão em outro país há mais de um ano, mais de uma temporada sem poder estar no Gigante da Beira Rio, do que dá mais saudade?

(Lauren) Comer pipoca, pular no colo do pai quando dá gol do Nico Lopez e abanar pro Saci.

(Nando) Em dias de grandes jogos, sentir o envolvimento da torcida desde cedo e ficar restrito a acompanhar pela internet é quase uma tortura. Na final da Copa do Brasil do ano passado era meu aniversário. Vivi o jogo o dia todo. Preparamos bandeiras pra enfeitar a praça da cidade ao fim da partida e quando terminou, a impotência de estar longe sem, sequer, poder extravasar a raiva e a dor foi, possivelmente, o momento mais tenso de morar longe do Beira-Rio.

 

São fusos horários diferentes, muitas vezes os jogos passam aí tarde da noite, de vez em quando dá para a Lau assistir?

(Nando) Muito difícil. Nos finais de semana vez ou outra conseguimos ver um pedaço juntos, mas durante a semana ela dorme mais cedo. Os jogos geralmente passam aqui na madrugada. Esses dias a gente foi assistir um jogo do Gauchão e ela disse: “pai, desculpa, eu preferia mesmo era ir no Beira-Rio” (kkk), e foi ver desenho. Infelizmente a distância do estádio e o fuso dificultam bastante.

 

Mesmo em outros estádios pelo mundo, o Internacional vai junto, sempre presente. (Foto: arquivo pessoal)

 

De qual jogador tu tem mais saudade de ver de pertinho Lau?

Guerrero, do Saci e daquele que tinha o cabelo assim (ela fez um gesto na cabeça que eu não consegui identificar de quem ela tava falando kkk)

 

Se a gente fosse dar um tamanho pro quanto tu ama o Inter, de que tamanho seria?

Do tamanho do infinito, vezes dois, não, vezes cinco! Porque agora eu aprendi a multiplicar, né, pai?

(kkkkk)

 

Manda um recado pro Inter e pra todas as gurias que torcem pro Internacional.

Torcer pro Inter é muito legal porque o Inter ganha do Grêmio, do Botafogo e de outros times, e tem pizza no Beira-Rio e às vezes uns brinquedos de pular que o pai nunca me levou porque sempre dizia “tamo atrasado, filha!”


 

arquivo pessoal

Ainda existem muitas histórias de mulheres fortes e que representam este amor que nos move e nos faz mover coisas por ele e nós queríamos poder contar e passar essa bola para todas elas, mas faltariam dias no calendário para que a gente o fizesse.

 

É falando das lutas, do dia-a-dia que nós como torcedoras coloradas e como mulheres queremos lembrar o quão somos importantes, o quão somos fortes e podemos ocupar todos os lugares. Da capital ao interior, de dentro ou fora do estado, seja como torcedora comum ou como membro de alguma torcida, seja somente torcendo ou trabalhando.

 

Nós mulheres somos o Internacional e o Internacional é feito por nós!

 

Feliz dia de LUTAR, à todas as mulheres que escolheram o Colorado Clube do Povo como seu !


 

De torcedora para torcedora, Jéssica Salini

 

*Esclarecemos que os textos aqui trazidos não refletem, necessariamente, a opinião do Blog Mulheres em Campo.