BANGU X FLUMINENSE: UM DUELO COM MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR
Para a maioria das pessoas, a partida deste domingo (26) entre Bangu e Fluminense no estádio Moça Bonita será apenas mais uma rodada da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Mas quem conhece um pouco mais a fundo a história do esporte sabe que se trata de um dos confrontos mais tradicionais do futebol carioca, e que tem como pano de fundo uma série de questões históricas e sociais.
A rivalidade entre os times se dá menos por resultados e mais por questões extra-campo, e surge ainda na origem dos clubes. De um lado, uma agremiação essencialmente aristocrática, fundada em 1902 por representantes da elite e sediada no bairro das Laranjeiras, Zona Sul da cidade. Do outro, um clube fundado e composto por operários têxteis da Fábrica Bangu, na Zona Oeste carioca, chamado desde seu nascimento, em 1904, até os dias de hoje de “clube proletário”.
A discrepância entre os clubes podia ser percebida, inclusive, nos perfis de seus sócios à época das fundações. Em seu livro “Footballmania: Uma história social do futebol no Rio de Janeiro”, o pesquisador Leonardo Pereira conta que para se associar ao Fluminense, era preciso desembolsar 50$000 de título e 5$000 de mensalidade, enquanto o Bangu cobrava 2$000 de título e 1$000 de mensalidade, possibilitando a participação de trabalhadores em seus quadros.
O primeiro duelo entre as equipes ocorreu no dia 14 de maio de 1905 em um campo no jardim da Fábrica Bangu, com vitória do Alvirrubro por 5x3. Era apenas um amistoso, mas entrou para a história do futebol brasileiro: naquele dia, o Bangu se tornou o primeiro clube do país a escalar um atleta negro, Francisco Carregal. O pioneirismo incomodou a cúpula da Liga Metropolitana de Futebol, que em 1907 determinou que o Bangu não registrasse mais “homens de cor” como atletas. O clube não acatou e se desfiliou da Liga.
Francisco Carregal (ao centro, sentado com as pernas cruzadas),
primeiro atleta negro escalado por um clube no Brasil
(Reprodução Internet)
Ao longo dos anos, Bangu e Fluminense voltaram a se enfrentar por competições estaduais e nacionais, e oito décadas depois, em 1985, uma partida entre os dois clubes esteve de novo no centro das atenções. Naquele ano, Bangu, Fluminense e Flamengo disputavam o triangular final do Campeonato Carioca, e na última rodada o Alvirrubro precisava de apenas um empate contra o Tricolor para sagrar-se tricampeão.
O Bangu abriu o placar com Marinho, mas Romerinho e Paulinho Carioca viraram para o Flu. E aos 44 do segundo tempo, o atacante Cláudio Adão foi derrubado na área por Vica, em um pênalti claro que foi ignorado pelo árbitro José Roberto Wright. O erro de Wright deu origem a uma confusão generalizada em campo, a ponto de o próprio árbitro ter se envolvido em luta corporal com o segurança de Castor de Andrade, patrono do Alvirrubro à época. Com o resultado, o Tricolor ficou com o título, para a revolta dos jogadores e da torcida banguense.
Final do Carioca de 85: pênalti não marcado deu o título ao Flu
(Foto: arquivo Lance!)
Neste domingo, os dois times se encontram mais uma vez, em confronto válido pela terceira rodada da Taça Guanabara. O Bangu, jogando em casa pela primeira vez no ano, conta com o apoio da sua torcida para conquistar a primeira vitória no campeonato após dois empates.
Na sexta e no sábado, o time do técnico Eduardo Allax realizou treinos táticos no campo de Moça Bonita a fim de corrigir as falhas do primeiro tempo contra o Resende, na última quinta. A assessoria do clube não confirma a escalação, mas a principal dúvida para amanhã ainda é o atacante Jairinho, que está se recuperando de uma virose diagnosticada ainda na concentração para a última rodada.
A partida será transmitida pela TV Globo e pelo Première.
BANGU X FLUMINENSE
Data/Hora: 26/01/2019, às 16h (horário de Brasília)
Local: Estádio Proletário Guilherme da Silveira (Moça Bonita), Rio de Janeiro
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique
Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa e Guilherme Vogas Tavares
Ingressos: R$40 (inteira) / R$20 (meia)
Por: Gabriella Lima, que nunca perdoou o Wright.
Tags: Bangu, Fluminense, Campeonato Carioca, Taça Guanabara
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