Da ilusão de um amistoso ao sofrimento nas ondas do rádio

O Flamengo jogou a partida das 21h (20h em Manaus em razão do fuso horário). Nenhum dos canais transmitia a partida. Logo, voltei ao bom e velho rádio. Há quem não goste, se perde com a rapidez com que o narrador fala. Já eu gosto muito de ouvir jogos em rádio. É emocionante, você usa a imaginação, mas também é um sofrimento. Aquele chute em direção ao gol é uma tortura, já que o narrador insiste em silenciar para dar suspense. São segundos que parecem séculos e tiram o fôlego. Enfim, as emoções do jogo do Flamengo, hoje, seria pelas ondas do rádio.

Liguei o rádio aos 25 minutos de jogo. O placar já estava 1 a 0 para o Figueirense. Pelo o que o locutor falou, o gol foi marcado aos 21 minutos do primeiro tempo por Cleiton após falha do time do Flamengo (depois vi o lance na TV. Foi ridícula a queda do Canteros e o espaço que a zaga deu para o Figueira). Pelo que ouvia na narração, o Flamengo estava apático. Com o campo molhado devido à chuva que caiu em Florianópolis, o time errava muitos passes. A zaga dava espaço, a bola não chegava em Kayke – que foi titular – e Emerson Sheik, que geralmente chama a responsabilidade para si, não estava em um dia bom.

No segundo tempo, o Flamengo voltou mellhor, mas o pé não estava muito calibrado. Kayke perdeu um gol embaixo da trave, o chute de Everton parou na defesa do goleiro Muralha. O rubro-negro tentava atacar, mas esbarrava na falta de criatividade. Quando parecia que o empate estava próximo, o Fiqueirense, mostrou a eficiência que faltou ao Flamengo e marcou aos 21 minutos. Novamente com Cleiton. Oswaldo colocou Gabriel, mas com o jogo em 2 a 0, Figueira fechado na defesa dificultou ainda mais o atrapalhado Flamengo. E para fechar a desastrosa noite, Dudu marcou, aos 42 minutos, o terceiro após nova falha da zaga. Os locutores da rádio carioca narraram o final do jogo sem muita empolgação e assim o juiz apitou o fim do jogo.

O mais estranho de tudo foi ver um time que jogou bem e ganhou por 4 a 0 um amistoso no domingo contra a Desportiva Ferroviária, no Espírito Santo. Não vou comparar o nível técnico da Desportiva e do Figueirense, mas sim a postura do Flamengo. Time jogou solto, foi criativo e para o torcedor que esperava que isso fosse uma prévia para o jogo desta quarta ficou a decepção. O próprio Oswaldo de Oliveira falou que era “uma noite para esquecer”.

Com isso, o Flamengo desperdiçou a chance de voltar ao G-4. Menos mal que os adversários diretos: Palmeiras e São Paulo também perderam. É, o Brasileirão voltou, a zuera voltou e o sofrimento, pelo menos na noite de hoje, voltou também.

Por Camila Leonel