DO BATISMO DE LÁGRIMAS À EXPLOSÃO DE ALEGRIA

 

22 de Abril de 1997, Pinheirão, jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil. O placar? 6x2 para o Corinthians. Naquele dia nascia uma atleticana. Com apenas 9 anos eu não tinha muita ideia do que era o futebol e tudo o que ele viria a representar, mas já tinha claro em minha mente o time para o qual eu iria torcer pelo resto da vida.

 


(Foto: Acervo Pessoal de Bel Salemme)


 

Não sou “atleticana de berço”, inclusive tinha muita gente conspirando para não o ser. Filha de pais paulistas, com uma mãe (muito) corintiana e pai palmeirense, tinha tudo para ser mais uma torcedora de times paulistas em solo paranaense, mas o destino não quis assim.

 

No alto dos meus 9 anos (e já muito convicta das próprias opiniões), decidi que seria atleticana e insisti para que a minha mãe me levasse ao jogo. Receosa da situação, ainda mais por eu ter “decidido” torcer para o time que jogaria contra o time dela, dona Rose concordou e lá fomos nós rumo ao Pinheirão.

 

Naquela fatídica noite de incontáveis lágrimas em face a uma derrota indescritível nascia não uma, mas duas torcedoras fanáticas pelo furacão. Vinda de uma longa linhagem de corintianos com direito a cadeira cativa no estádio, minha mãe não sabe até hoje explicar o que virou a chave e desde aquele dia seu time passou a ser o rubro negro da baixada.

 

Juntas vimos inúmeras vitórias e derrotas, vimos o furacão ser campeão brasileiro em alto mar, sofremos juntas a derrota na final da Libertadores, dentre diversos outras momentos e memórias marcantes.

 

Hoje, vivendo na pele a possibilidade de ver a maior conquista da história do furacão acontecer bem na nossa frente, eu digo que esses mais de 20 anos de lágrimas, risadas e sorrisos valeram e valerão muito à pena. Não, não é “só futebol”, não é “só um jogo”, é nossa história.

 

Esta quarta-feira, dia 12 de Dezembro de 2018, é um dia para parar o tempo e ficar na história do Clube Atlético Paranaense e do futebol do nosso estado. É o dia em que esperamos poder nos ajoelhar na praça Afonso Botelho, olhar para o céu e agradecer a Deus por ser atleticano.

 

Essa final é a recompensa de anos de resiliência, de permanência ao lado do time nas horas boas e nas ruins. Tenho em minha memória diversos momentos marcantes ao lado do furacão e tenho certeza que, ao lado do meu “batismo de lágrimas” lá em 1997, esse jogo ficará gravado para sempre na memória.

 

7905 dias separam o início da minha história com o Atlético Paranaense e o jogo de hoje.

 

Mais de mil semanas, quase 230 meses entre o dia em que uma menina de 9 anos escolheu convicta viver a paixão que essa mulher de 31 anos mantém viva diariamente. Estes quase 22 anos de história me renderam mais que títulos, vitórias ou derrotas, me renderam uma família, amigos e um amor que me levou de volta às arquibancadas.

 

Estamos contando os minutos para que a hora do jogo chegue logo e juntos possamos gritar a plenos pulmões e enaltecer os feitos do presente sem esquecer as glórias do passado. Vamos juntos estremecer as estruturas e fazer o caldeirão ferver, mostrar que somos rubro-negros e não tememos nem a morte. Vamos juntos pelo furacão fazer a maior festa que esse estado já viu, mostrar ao mundo porque é que não ficamos em casa.

 

Vamos gritar o nome do professor Tiago Nunes e nos emocionar quando el comandante erguer a taça e fazer história com os meninos da baixada. Vamos festar muito, comemorar até as lágrimas secarem, a voz falhar e o dia nascer.

 

E que depois de toda a comemoração possamos olhar para o futuro esperançosos de que outras taças virão em breve. Estamos assistindo esse momento maravilhoso de camarote e temos a oportunidade de fazer muito, muito mais!

 

Por Bel Salemme