Dos males, o menor
O confronto de ontem não foi aquele que os torcedores tricolores imaginaram. Sabia-se que seria um jogo complicado, pois o Vasco é uma boa equipe, e apenas está em um mau momento. Momento esse que o time procura esquecer quando entra em campo, tomando fôlego pra respirar e tentar se manter vivo na série A do Campeonato Brasileiro.
Após a derrota para o Fluminense na quarta-feira passada, Doriva montou situações testando alguns esquemas táticos, porém com poucas mudanças. Isso pôde ser observado nos treinos que antecederam o jogo na tarde deste domingo. Para o duelo, o treinador relacionou 23 jogadores, com base nas atividades feitas no CT da Barra Funda.
O São Paulo entrou em campo com a seguinte formação: Rogério Ceni no gol; Bruno e Matheus Reis nas laterais, fazendo a linha de quatro zagueiros juntamente com Lucão e Luiz Eduardo; no meio-campo, Thiago Mendes e Rodrigo Caio como volantes, e Paulo Henrique Ganso como o homem de criação; e no ataque, Rogério e Alexandre Pato pelas pontas, e Luis Fabiano como referência.
Apito inicial, bola rolando. E logo aos 55 segundos da primeira etapa, em uma falha do zagueiro Rodrigo, após um cruzamento de Matheus Reis, Luis Fabiano aproveitou e mandou para o fundo da rede, abrindo o placar para o Tricolor. São Paulo 1x0. Gol que empolgou os jogadores, o técnico Doriva (que vibrou na beira do gramado) e, principalmente, os “poucos” torcedores são-paulinos que foram ao Morumbi.
Mas a empolgação tricolor durou pouco, e não foi suficiente para que os mandantes ampliassem o placar. A vibração do São Paulo foi ofuscada pela vontade que o Vasco tinha de vencer.
Ao contrário do time da casa, os jogadores adversários não se intimidaram e aproveitaram a má atuação de jogadores como Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso, que há alguns jogos não vêm mostrando um bom desempenho, e estão deixando a desejar. Já Thiago Mendes mostrava-se versátil, sendo visto em diversas partes do campo, desde a zaga até o ataque. Mas todo o seu esforço foi em vão.
Com o meio-campo tricolor dando bobeira, Nenê (como nos outros jogos), ao contrário do maestro Ganso, se destacou e comandou as jogadas no setor, levando o Vasco a criar diversas chances para ampliar o placar, algumas delas perdidas por Jorge Henrique e Andrezinho.
E com tantas chances criadas, mas perdidas, ainda estava por vir o lance que mudaria ainda mais o rumo da partida. Aos 43 minutos do 1º tempo, o árbitro Dewson Fernando Freitas da Silva marcou um pênalti um tanto quanto polêmico a favor dos cruz-maltinos, após Madson fazer um cruzamento e a bola bater no cotovelo de Matheus Reis, que recebeu mais um cartão amarelo (o 1º foi aos 21’), e em seguida o vermelho, sendo expulso de campo. Houve muita reclamação por parte dos jogadores tricolores, mas de nada adiantou. Pênalti marcado. Nenê foi para a cobrança e igualou para o Vasco, chutando à direita do goleiro Rogério Ceni.
Igualdade no placar, diferença em campo. Doriva tirou Rogério (que não fez uma boa partida, assim como outros jogadores) para a entrada de Reinaldo na lateral-esquerda, mas não fez diferença. Com um homem a menos, já era notável a superioridade do Vasco no início da segunda etapa, mas os anfitriões não desanimaram e buscavam marcar, mesmo na defensiva. Algumas chances vieram, mas foram desperdiçadas.
O segundo gol veio, mas para os cruz-maltinos. Aos 17 minutos do 2º tempo, Rodrigo (sim, o mesmo que entregou de bandeja o gol para o São Paulo, aos 55 segundos da etapa inicial), após uma cobrança de escanteio, marcou de cabeça o gol da virada. 2x1 Vasco. Festa dos jogadores e da pequena torcida presente no estádio. Era o Vasco saindo da lanterna do Campeonato, e o São Paulo, mais uma vez, se distanciando do G4.
Aos 22 minutos, saiu Luis Fabiano para a entrada de Alan Kardec, que após um pouco mais de 6 meses fora, voltou a ser relacionado e entrou em campo. Chances e mais chances perdidas, Vasco dominando, Rogério fazendo boas defesas e o Tricolor pegando pressão. Mas mesmo pressionado, não parava de tentar um contra-ataque. Centurión entrou no lugar de Alexandre Pato, que saiu de campo vaiado pela torcida, aos 29 minutos.
E depois de tanto tentar, eis que saiu o gol de empate! Aos 42 minutos, Rodrigo Caio, que estava livre de marcação, recebeu a bola dos pés de Centurión, num cruzamento, e balançou a rede do goleiro Martín Silva.
O São Paulo teve mais duas chances de sair vitorioso. Aos 43 minutos, o argentino Ricardo Centurión, sozinho, mandou a bola de qualquer jeito, e aos 45, Kardec dominou, mas chutou por cima do gol. Reinaldo ainda recebeu um cartão amarelo pouco antes de acabar a partida.
Foi assim até o apito final. E após eu sofrer assistindo a um jogo onde o Tricolor, mesmo tendo conseguido o empate, e vendo seus rivais Santos e Palmeiras lhe ultrapassarem na tabela de classificação, não demonstrou que briga pela última vaga do G4, ou que está na semifinal da Copa do Brasil contra o Peixe, posso afirmar: DOS MALES, O MENOR.
Renata Chagas