É DELAS: AS PATROAS SÃO BICAMPEÃS BRASILEIRAS

Foto por Victória Monteiro/Mulheres em Campo


 

É bem possível que eu demore alguns meses, talvez anos, para superar o que aconteceu em Itaquera, na Neo Química Arena, neste domingo (6). Corinthians e Avaí/Kindermann fizeram a bola rolar para aquela que talvez seja a mais atípica e estranha final de Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. A competição foi paralisada ainda no mês de fevereiro, por conta da pandemia de COVID-19 e retornou no mês de agosto, completamente diferente.

Com estádio liberado apenas para delegações, organizadores e grupos pequenos de jornalistas, a ausência da mais Fiel das torcidas fez os 20 graus com chuva que faziam na Casa do Povo ter sensação térmica negativa. O frio que já cortava a pele percorreu também a espinha quando a escalação apontou Andressinha, Pâmela e Juliete como desfalques por terem testado positivo para o vírus. Até as equipes entrarem em campo, Erika também era dúvida por ter passado os últimos dias tratando uma lesão adquirida nos dias de convocação com a Seleção Brasileira.

A partida começou com nítido nervosismo por parte das donas da casa. As alvinegras cometeram alguns erros bobos de passe que acabaram permitindo infiltrações perigosas das catarinenses que pareciam estar mais ligadas no jogo. Apesar disso, foi o Corinthians quem teve mais efetividade e abriu o placar. Aos 28, Diany cobrou escanteio e, no desvio, Gabi Nunes deixou o primeiro gol da partida. Na sequência, aos 32, a porteira foi definitivamente aberta, em mais um escanteio de Diany. Dessa vez, Barbara errou a saída e Gabi Zanotti foi mais rápida, fazendo o segundo das Patroas.

 

Foto por Rodrigo Coca/Agência Corinthians

 

Atrás no placar, o Kindermann não recuou e continuou avançando para cima do Corinthians. Logo no início do segundo tempo, Zoio acertou uma cabeçada no fundo do gol de Lelê, diminuindo a vantagem. O gol tomado fez o Timão acordar para a vida e se ligar, fazendo seu terceiro gol, o segundo de Gabi Zanotti, pouco depois de levar o primeiro. Mantendo a saga do “toma lá, dá cá”, aos 33 o Kindermann novamente diminuiu a vantagem, fazendo seu segundo gol para, aos 36, levar dos pés de Vic Albuquerque o gol que fecharia o placar.

Os 5 minutos de acréscimo dados pelo juíz serviram apenas para aumentar a ansiedade pelo grito que ficou entalado no vice-campeonato de 2019. Faltando 2 minutos para o fim do tempo adicional, já ouvia-se gritos de “É CAMPEÃO” vindos do banco de reservas corinthiano. Com o apito final, estava então sacramentado: o Corinthians é bicampeão brasileiro.

No Brasileirão que quase não terminou, venceu quem mais mereceu. A brilhante campanha da equipe treinada por Arthur Elias conta com apenas 1 derrota, 2 empates e 18 vitórias em 21 jogos. Os números e os louros são frutos de um trabalho que leva o futebol feminino muito a sério e investe na categoria.

 

Foto por Rodrigo Coca/Agência Corinthians 

 

Se em 2019 o gosto pelo título perdido no apagar das luzes ficou amargo, em 2020 ele é doce e tem toques de felicidade e orgulho por um trabalho absolutamente bem feito. 

O roteiro foi tão perfeito que contou com o brilho da estrela de Gabi Zanotti, a jogadora mais consistente do Corinthians nesta temporada, marcando dois gols e o placar aberto por Gabi Nunes, um dos xodós da Fiel Torcida por todo seu talento e amor à camisa. Nunes passou metade de 2019 e parte de 2020 afastada, tratando de lesões no joelho. A chuva que caiu em Itaquera durante parte da disputa com certeza lavou e deixou para trás muitas coisas.

Com o bicampeonato, as alvinegras chegam ao seu sexto título em 4 anos de reformulação e nunca passaram um ano sem levantar taça. 

Que o trabalho coroado na noite deste domingo siga plantando sementes férteis e colhendo bons resultados. O Corinthians é o time a ser batido no futebol feminino brasileiro hoje e a expectativa é que evolua ainda mais e seja cada vez mais referência em casa e fora.

 

Parabéns, Patroas! É CAMPEÃ! 

 

Por Victória Monteiro