EMOÇÃO QUE NÃO SE ESQUECE: O DIA EM QUE SOUBE QUE O PALMEIRAS ME ESCOLHEU
Hoje faz exatamente 21 anos que eu tive certeza que meu coração era (e pra sempre será) alviverde.
Comecei a me interessar por futebol e, claro, pelo Palmeiras, ainda criança. Eu via meu pai assistindo, acompanhando e vivendo aquilo de forma intensa e então resolvi fazer companhia nesses momentos que ele tanto apreciava.
Só de pensar nesse jogo, já me arrepio toda. E a partida sobre a qual estou falando foi um jogo válido pelas quartas de final da Copa do Brasil de 1999, Palmeiras e Flamengo no saudoso Parque Antártica (e para sempre nosso Palestra Itália). Eu tinha 11 anos, mas as memórias desse dia seguem nítidas e totalmente vivas na minha memória.
Palmeiras de 99, um dos melhores elencos já vistos em campo.
Foto: Acervo/Gazeta Press
Há quem diga que esse é o jogo mais emocionante da história do Verdão. Bom, pra mim é com certeza. Naquela noite, o Palmeiras entrou em campo já em desvantagem, pois tinha perdido o jogo de ida por 2 a 1, no Maracanã. Não bastasse, vinha de recente derrota na Libertadores. Eu me lembro da tensão nos olhos do meu pai quando foi dado o apito inicial.
Tensão essa que só aumentou após a bola começar a rolar. Casa cheia, a torcida como sempre cantando e vibrando, mas para nossa infelicidade, foi o adversário quem abriu o placar. O Palmeiras precisava então reverter e superar o nervosismo causado pelo gol sofrido logo no início. Os minutos então se arrastaram, uma agonia sem fim, já que o Verdão precisava naquele momento de mais de dois gols de diferença para conseguir se classificar. E esses gols não vieram na primeira etapa. Como diz Galvão, haja coração.
Claro que eu não entendia muita coisa, não sabia as regras da competição, mas entendia que meu time que precisava ganhar, estava perdendo. Olhava para o meu pai e via ele acompanhar a partida em um misto de desespero e esperança. Então veio a segunda etapa, e com ela um gol de Oséas, que incendiou não só a partida, mas todo Palestra Itália. Era o fôlego e a luz que o Palmeiras precisava, estávamos no jogo. Porém, logo veio o balde de água fria: o Flamengo marcou o segundo, e nesse instante, o tempo pareceu ter parado no Parque Antártica, e tudo parecia perdido.
21 anos de uma partida emocionante.
Foto: Reprodução/UOL Esporte
Bola rolando na segunda etapa, o placar em 2 a 1 para o adversário, e o Verdão precisando de 3 gols para sair de campo classificado. Perguntei ao meu pai se continuaríamos vendo o jogo, ele me disse que só acabava quando o juiz apitasse. Assim como ele, eu não conseguia desgrudar os olhos daquela partida, mesmo sabendo que meu Verdão perdia.
No entanto, a derrota não seria o placar final. Júnior nos presenteou com o gol de empate em um chute de fora da área. Lembro do meu pai dizer baixinho "ainda dá". E vimos um Palmeiras exatamente com esse espírito de ainda dá, tem que dar. Euller, apelidado de "filho do vento" por sua velocidade, entrou no lugar de Arce, mudou os rumos do jogo e se sagrou herói da noite. Já aos 41 minutos, recebeu uma bola precisa de Oséas, e cabeceou para marcar o terceiro tento palestrino. A torcida explodiu em uma felicidade só, as arquibancadas do Palestra Itália tremiam. Porém esse placar ainda não levava o Verdão para as semifinais.
Apenas 3 minutos após a virada, novamente vimos Euller mandar a bola para os fundos das redes adversárias, em um incrível bate-rebate dentro da área. O lance começou na cobrança de escanteio de Júnior que encontrou Evair, que com insistência conseguiu mandar a bola para dentro da pequena área. Oséas brigou por ela em uma dividida com o zagueiro, e no meio da confusão da área rubro-negra, apareceu o filho de vento mais uma vez, para de cabeça finalizar dentro do gol. O Parque Antártica explodiu numa festa linda, meu pai deixou sair toda a emoção e tensão que o acompanharam durante toda partida, eu chorava e nem sabia por quê, mas me sentia imensamente feliz. Eu já gostava do Palmeiras, mas foi nesse dia que eu me apaixonei. Sentimento esse que me acompanha até hoje, e que só aumentou com o passar dos anos.
Euller foi o herói na dramática e épica vitória do Palmeiras.
Foto: Arquivo/Agência Estado
O Palmeiras acabou eliminado na semifinal, mas pouco menos de um mês depois conquistou a América, mas essa é uma história para um novo texto.
"Te amo tanto meu Palmeiras, minha fé, religião"
Por Vânia Souza
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna, não refletem, necessariamente, a opinião do Blog Mulheres em Campo.