FERNANDO DINIZ, UM CASO DE AMOR E ÓDIO COM OS TRICOLORES

 

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Foto de Lucas Merçon

Antes de iniciar minha resenha do jogo onde o Fluminense perdeu para o São Paulo, por 2 x 1, li diversos comentários de amigos e leitores de inúmeras comunidades do Tricolor carioca. Em minha avaliação, metade acredita no potencial de Fernando Diniz e em seu estilo inovador de um futebol  mais ousado e com requintes do que se pratica em campos europeus. 

Os mesmos apoiadores também pontuam a falta e jogadores mais capacitados e que apesar do atual plantel se esforçar, ainda ficam a dever. Inclusive, as contratações de Nenê e Wellington foram feitas com o intuito de aumentar o potencial do time. 

A outra metade dos comentários a clama com veemência pela saída de Diniz e ressalta os números obtidos por ele no comando do Fluminense, no Brasileiro: 2 vitórias, 3 empates e 7 derrotas. Coincidentemente, o mesmo que alcançou em 2018, à época treinador do Athletico-PR. 

Lanço aqui importante questão: “Quem no lugar dele?” 

Entrarei no meu ponto de vista do jogo para ilustrar aonde quero chegar. O Fluminense jogou bem, teve 65% de posse de bola contra apenas 35% do adversário; Ganso, Allan e Daniel foram bastante eficientes no rodar a bola, com poucos erros inclusive, mas na hora da transição estagnaram na falta de velocidade para avançar no campo adversário. 

Mesmo assim, boas jogadas foram criadas, como a troca de passes entre Daniel e Marcos Paulo, que acionou Pedro na cara do gol e ele pecou feio na finalização de um lance que poderia ter resultado em gol. Outro belo lance da dupla surgiu numa invasão de Daniel na área para tentar o chute e a bola voltou para Yony insistir, até novamente Marcos Paulo ensaiar uma meia bicicleta. 

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Foto de Lucas Merçon


 

Marcos Paulo também esteve presente na jogada que resultou no primeiro gol do Fluminense. Ao receber belíssimo passe de Allan, quase do meio campo, tentou encobrir o goleiro adversário e a pelota bateu na trave e voltou nos pés e Yony que só precisou dar um toque preciso e balançar as redes. 

Yony por pouco não marcou mais um, quando aproveitou bola recebida açucarada de troca de passes entre Ganso e Caio Henrique, que acabou por triscar na parte de cima do travessão. 

Onde o elenco falhou? No primeiro gol do São Paulo, numa cobrança de falta de jogada ensaiada e mais do que manjada, Reinaldo recebeu bola curta de Hernanes e bateu de canhota. Muriel, o super e aclamado arqueiro que veio para resolver, falhou miseravelmente ao soltar uma bola que ele teve por segundos nas mãos. No final o jogo, em entrevista, ele não admitiu seu erro e afirmou:

“No momento em que eu enxerguei a bola, ela balançou um pouco, e eu fui para o lado direito. E, em cima da hora, ela mudou a trajetória, e eu não consegui corrigir o movimento para fazer a defesa.” 

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Foto de Lucas Merçon

O segundo gol agradecemos ao “estimado” Anderson Daronco e ao VAR (odeio), pela marcação de um pênalti bastante irregular, a meu ver, aos 48 do segundo tempo, e batido com perfeição pelo mesmo Reinaldo, que teve seus 15 minutos de fama. 

Volto agora com importante questão: “Quem no lugar do Diniz?” 

Tudo o que é inovador causa estranheza e assim funciona no futebol. Desde que assumiu o comando do Fluminense, Diniz implantou um esquema tático bastante “revolucionário”, digamos assim, para o que atualmente é realizado em outros times brasileiros. 

Ele montou um time baseado no 4-3-4, com uma linha de 4 defensores e um volante recuado com a missão de zelar pela saída da defesa; dois meias avançados e dois atacantes a atuar pelas pontas, o que ele tentou fazer com João Pedro, sempre com um homem de referência no comando. Tudo isso com uma valorização essencial do toque de bola. 

Neste esquema tático, todos são peças chaves e trabalham, desde o goleiro nas saídas de bola, aos defensores, nos arranques do time. Os laterais jogam como alas numa linha com os zagueiros. Desta forma, a movimentação é feita através de passes curtos dentro das quatro linhas, até a finalização. 

Muito me agrada o estilo, mas para funcionar o elenco precisa ganhar velocidade, principalmente nos contra-ataques rápidos, talvez Wellington Nem possa colaborar por demais; aprender de uma vez por todas a finalizar, pois é um fundamento básico do bom futebol, e parar de jogar com um lateral improvisado. Já deu. Como o próprio Diniz disse na coletiva:

“Tem muita coisa para melhorar, mas o que o time tem feito em termos de produção e conteúdo de jogo, era para estar bem melhor no campeonato. Na medida do possível, tem que ir corrigindo, mas demanda tempo, a gente tem que insistir, não dá para achar que está tudo errado”.

 

Por Carla Andrade