ÍDOLO? DESCULPA, É QUE ENTENDI CRIMINOSO

 

(Foto: Freepik)

 

Todo torcedor em algum momento da sua vida já se espelhou em determinado jogador, o teve como exemplo, o admirava ou simplesmente aplaudia suas atitudes, isso é muito comum, principalmente na infância, quando a garotada os tem como ídolos. 

 

Mas e quando a vida de atleta-ídolo desaba e surge a face de um criminoso? O que pesa mais? Manter em sua cabeça a imagem do bom jogador e passar o pano para as atitudes incorretas, ou desejar veemente que seu clube se posicione sobre as atividades do funcionário? Espero que quem esteja lendo esse texto não tenha sequer cogitado a primeira opção!

 

Nos últimos meses, temos acompanhado a novela da volta do goleiro Bruno ao mercado da bola, e para quem não se lembra (se é que é possível), o ex-goleiro do Flamengo assassinou e esquartejou o corpo da mãe do seu filho, Eliza Samúdio. Condenado, Bruno pegou 20 anos de prisão, mas após cumprir parte da sentença ganhou a liberdade, contrato em um time, fãs e mídia.

 

Boa Esporte, Barbalha, Tupi-MG, Athletic Club e Poço de Caldas, clubes pequenos que cogitaram (o primeiro chegou a contratá-lo), ter Bruno em seu time. Mas por que o fato de  um homem de 32 anos, que passou um grande período de tempo preso, tendo queda em seu rendimento, não parece importar? Nem mesmo a atrocidade cometida consegue ser um motivo forte para um clube desconhecido sequer cogitar contratar o goleiro. O motivo é óbvio: visa fama e dinheiro. Mais uma vez, as diretorias de futebol seguem tratando a paixão mundial somente como uma empresa, passando por cima da opinião da imprensa e torcida. Nenhuma novidade, nenhum espanto.

 

Outro caso que vem causando repercussão é o do goleiro  Jean, que no fim de dezembro teve seu nome escrachado por sua esposa que denunciava as agressões físicas e ameaças sofridas pelo marido. Na época o casal passava férias em Orlando, e o São Paulo Futebol Clube não hesitou em se pronunciar:

 

(Fonte: G1)

 

Poderíamos aplaudir não só com as mãos, mas também com os pés uma nota tão significativa como essa, e o posicionamento apresentado deveria ter sido exemplo para clubes que cogitaram levar o goleiro para o elenco.

 

Fluminense de Feira, Ceará e até parte da torcida do Bahia não viam problemas em ter o agressor em seu plantel. A torcida do Ceará não deixou barato, e as alvinegras marcaram um protesto repudiando a ideia, que diga-se de passagem, foi bem infeliz.

 

(Créditos: Reprodução)

 

O clube confirmou a desistência e o protesto não precisou acontecer. Parabéns Vozão, assim que se faz. O Bahia não se posicionou sobre uma possível volta de Jean. A essa altura do campeonato não dá para remar contra a maré e destruir toda uma história de luta dentro do Tricolor de Aço.

 

Mas nem todo mundo vê problema. O Atlético-GO nesta semana, formalizou o empréstimo do goleiro e ainda afirmou que “querem recuperar o ser humano, pois é um bom profissional”. Mais uma vez o “talento” falando mais alto que a ética e o respeito. A torcida parece não ter gostado da nova contratação e nas redes sociais do Dragão a #Jeannao aparece em forma de protesto. É isso aí, atleticanos!

 

Não adianta fazer campanha bonitinha contra o machismo se você não vê problema em contratar um agressor ou um feminicida. Machismo não se combate fazendo arte para redes sociais, a luta é diária e cabe a todos nós.

 

Que algum dia os clubes deixem de dar voz a jogadores que humilharam, denegriram, abusaram e/ou mataram qualquer mulher, lugar de criminoso sempre será na cadeia e não nos campos de futebol recebendo aplausos e apoio da torcida. 

 

Meu ídolo não é agressor, meu ídolo não é feminicida! 

 

Ana Neves

 

 

*O BlogMec esclarece que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Blog.