INGRATIDÃO É MATO

 

 

Diante de mais uma derrota contra o rival, meu pós-jogo vai ser um pouco diferente do habitual. Eu poderia elencar uma série de erros que culminaram nesse desfecho, contudo, prefiro esperar a ferida cicatrizar para não ser injusta, já que o fato de ser extremamente clubista faz com que "perder um clássico" acabe mexendo profundamente comigo.

No confronto anterior (contra o rival) acabei não conseguindo escrever. Naquele jogo já foi possível identificar algumas falhas na equipe. Uns atletas pipocaram e outros vestiram a camisa para buscar a vitória. Vimos o Gigante da Rodrigues Alves jogando com vontade para mais de 15 mil pessoas. O mando de campo americano tornou a Arena das Dunas um mar vermelho, vibrante e apaixonado. E, ao final, mesmo com os erros que nos custaram muito, o inesperado aconteceu: a torcida aplaudiu os jogadores e, juntos, cantamos como forma de reconhecimento por todo o trabalho feito até ali.

Vivi pra ver isso acontecer após uma derrota em um clássico. Geralmente o temperamento não é dos melhores quando perdemos, ainda mais, perdendo para nós mesmos. Mas o time precisava sentir que nós estávamos ali, juntinho deles, enxergando aquela derrota como o momento certo para errar.

 

Foto: Pedro Vitorino

 

Domingo (02), estivemos novamente na Arena das Dunas, dessa vez com o mando de campo do rival. E para um público de pouco mais de 11 mil torcedores, tivemos mais uma frustração. Só que essa doeu um pouco mais, sabe por que? Pelo apagão na equipe que tinha o melhor ataque e a melhor defesa no Campeonato Potiguar.

Tudo bem que jogar a Copa do Nordeste é outro nível, não há como comparar as duas competições, mas diante de todo um bom trabalho apresentado pela comissão técnica até a sexta rodada do estadual, vislumbramos uma possível chance de vencer e mostrar que os erros pontuais da derrota anterior foram sanados. Infelizmente, para a tristeza do torcedor americano, o Mecão entrou em campo dormindo (como na maioria dos jogos), levou o primeiro gol e não conseguiu se impor na partida. O oponente cresceu e aproveitou a fragilidade do time, minuto a minuto, nos tirando o fôlego de tanto gritar da arquibancada.

Os gritos de apoio, começaram a ter outra entonação por alguns torcedores que visualizavam uma nova derrota. Do mesmo modo que "é pra frente que se anda", também deveríamos "ter jogado para frente". Ofensivamente. Mas resolvemos sumir nas entrelinhas, começamos a errar dentro de campo (e fora dele), deixamos o rival perceber que estávamos sentindo o peso da nossa própria camisa. Peso esse que já vinha sendo sentido por alguns atletas no primeiro clássico do ano. E quando a camisa pesa, colegas, não tem mais o que fazer.

Se o primeiro tempo foi apagado para o América, o segundo foi doloroso para os alvirrubros. Pouco a pouco perdíamos a esperança de vencer, junto a voz que tanto gritava desesperadamente implorando por organização e raça.

Empatamos. Os copos de cerveja foram arremessados para cima, os eufóricos torcedores comemoravam como se valesse o título, os cantos se fortaleceram e nesse misto de alegria, veio o banho de água fria. Tomamos o segundo.

Particularmente, meu mundo caiu. Eu, que hoje escolhi estar naquela arquibancada vibrando e torcendo pelo Dragão, sentei no chão e comecei a chorar. Pensei até em desistir. De repente, comecei a pensar e lembrei o quão difícil foi estar ali, passando por uma turbulência financeira que quase me impediu de estar presente. Recordei das noites em claro escrevendo para essa coluna, das vezes que estive na rua com o celular na mão fazendo algum texto para não atrasar. Mas, acima de tudo, lembrei do meu compromisso com o blog e do meu amor pelo América Futebol Clube.

Do chão, em meio aos destroços, me levantei e voltei a cobrar do time. A louca, para alguns, gritava com uma voz enjoada e gasguita de arrepiar até o último fio de cabelo de quem era obrigado a ouvir. E perdi as contas de quantas vezes gritei suplicando para jogarmos, para acordarmos, para organizarmos aquela bagunça.

 

A narrativa deveria ter sido outra, a nação alvirrubra não merecia uma atuação tão medíocre como a de hoje. Assim como, não merece que os jogadores se acovardem. E faço aqui o maior apelo de todos: não deixem que um adversário pinte e borde com vocês... E conosco.

Cheguem junto. Cheguem duro, se preciso for. Mas façam o cara arrogante respeitar a nossa história. Nós somos os únicos do RN detentores do título de Campeão do Nordeste, então, façam com que sejamos respeitados. Ele é só um atleta qualquer, que se sente o grande (sendo tão pequeno atualmente). Honrar o manto é, também, defender a sua torcida. Se imponham!

 

SUBSTITUIÇÃO NO COMANDO DA EQUIPE

 

Foto: Pedro Vitorino

 

Apesar de ter feito um bom trabalho no início da temporada, o técnico Waguinho Dias cometeu erros que determinaram a sua saída ao final da partida contra o rival. Clássico é outra esfera, e, infelizmente perdemos dois sob o seu comando.

Por outro lado, temos o retorno do técnico Roberto Fernandes, um excelente profissional que já passou por aqui há alguns anos. Recentemente comandou o maior rival e agora está de volta "ao seu lar". A ele, todos os votos de confiança e que muitas conquistas estejam por vir.

Boa parte dos torcedores concorda com o retorno do professor RF, alguns, por outro lado, divergem opiniões. Só posso dizer que, apesar de não achar correto mudar de treinador sempre que as coisas saem do controle, estou satisfeita com essa substituição, em específico.

Ao Waguinho, agradecemos pelo trabalho prestado e desejamos uma caminhada de muitas conquistas.

 

RESPEITA ELAS

 

A mulher de arquibancada é muito subestimada. Rotineiramente passamos por situações tão constrangedoras que, se não fosse o nosso amor, já teríamos abandonado o barco. Ser mulher, em uma sociedade altamente machista, é muito difícil. Mas, ser mulher de arquibancada, em uma sociedade patriarcal, se torna a mais difícil de todas as missões. O respeito que nós merecemos é conquistado aos poucos e, a cada pequeno avanço, nos tornamos GIGANTES.

Fiquei feliz em ver o número de mulheres presentes no cultural arrastão da Torcida Organizada do América, do qual não abrimos mão. Se fazemos festa na bancada, fora dela não é diferente. Saímos da Sede Social do Clube e percorremos pela Avenida Hermes da Fonseca e Salgado Filho até chegarmos ao estádio. Homens e mulheres, torcedores comuns e componentes da organizada, todos unidos em prol do Mecão. A valorização feminina na torcida é sentida, e hoje, diante de tudo que passamos, vale frisar sobre a inclusão da mulher nesse cenário desportivo e o respeito que cada uma de nós merece.

 

#RespeitaAsMinas

 

Por Amanda Oleinik

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente,  a opinião do Blog Mulheres em Campo.