Não existe gol feio, feio é não fazer gol

 

 

Foto: João Carlos Gomes

 

Se o Dadá Maravilha nunca tivesse dito a frase que abre esse texto, ela certamente teria sido criada após o empate sem gols entre Botafogo e Bangu no Engenhão. Aliás, acho que posso falar em nome de qualquer um dos 2.900 corajosos que foram ao estádio na quarta-feira: tudo o que a gente queria era um golzinho feio, chorado, com meio time embolado na pequena área, zagueiro caindo de bunda na linha.

Mas não teve. Mesmo com os dois times querendo se recuperar de derrota no primeiro jogo, os goleiros não tiveram muito trabalho. Foi um 0x0 bem morno. Mas um 0x0 que ganha algumas interpretações curiosa entre os alguns banguenses.

Alguns torcedores de clubes de menor investimento têm a péssima mania de achar que o campeonato já começa com pontos a menos, como se a derrota diante dos times com mais mídia já fosse uma realidade antes do jogo acontecer. Por isso, o empate de ontem foi encarado por algumas dessas pessoas quase como uma vitória, principalmente porque o time jogou pra frente, criou oportunidades, não levou gols e foi superior em boa parte do tempo.

 

Foto: João Carlos Gomes

 

Foi superior, mas não fez gol. Adianta muito? Humildemente, eu diria que não. Até onde eu sou capaz de me lembrar, futebol é placar, é resultado – pelo menos isso a Ferj não alterou ainda.

O Bangu estava organizado, ofensivo, e logo aos 4 minutos Kelvin mandou a bola no travessão, assustando o goleiro Gatito. Daí em diante, a primeira etapa seguiu sem grandes atrativos.

O Botafogo teve oportunidade em uma avançada de Erik pelo meio, que encontrou Luiz Fernando na cara do gol, mas a jogada parou em uma bela defesa de Jefferson Paulino. A resposta do Bangu ao lance veio após boa troca de passes entre Marcos Júnior e Anderson Lessa dentro da área, com uma bola cruzada de Pingo defendida por Gatito à queima-roupa com o pé direito. O Alvirrubro estava nitidamente melhor na partida, buscando o jogo, mas pecando demais nas saídas de bola e dando algumas oportunidades de contra-ataque.

No segundo tempo, o Bangu continuou pressionando e ditando o ritmo, mas sem nenhuma eficiência nas finalizações. Gatito teve trabalho com um chute de Anderson Lessa nos primeiros minutos, e já perto do fim do jogo, após a entrada de Felipe Adão, Yaya e Jairinho. Aliás, as substituições mudaram tanto a dinâmica do time que o técnico Alfredo Sampaio deve estar começando a repensar o time titular – se não está, deveria.

Nos minutos finais, o Botafogo tinha um jogador a menos (Gilson foi expulso após dois amarelos seguidos por falta e reclamação), e o Bangu até conseguiu criar boas oportunidades, mas já não dava tempo de mais nada.

Se estivéssemos falando de um torneio de patinação ou ginástica, certamente sairíamos vitoriosos pela exibição, ou pelo conjunto da obra, como queira chamar. Mas no próximo sábado temos um jogo difícil em casa, contra o Boavista, e aí pode ser com lateral na área, escanteio curto, pênalti à meia altura, tanto faz, jogo bonito não vale dois. Precisamos é de bola na rede!

Gabriella Lima