“NÃO TEM TÁTICA. NEM ESTRATÉGIA”

 

O Internacional foi eliminado da Copa do Brasil nesta quarta-feira (18). Jogando no Independência, a equipe alvirrubra se despediu da competição após marcar aos 49’ e levar a disputa aos pênaltis. Nas penalidades, o justo aconteceu. O América-MG, agora semifinalista da Copa, foi o merecedor da vaga pelo que fez nos 180 minutos de disputa.

 

Foto: Max Peixoto

 

Sobre o futebol dentro de campo, muito pouco se tem a dizer. A derrocada gaúcha iniciou-se já na primeira partida e quem assistiu o primeiro confronto já sabia o que viria na sequência. O gol que levou a equipe aos pênaltis só promulgou a despedida, a conta da eliminação não cai nos nomes de quem parou no arqueiro mineiro ou errou a batida, a conta outra vez chega na direção. 

Esse pós jogo torna-se inevitavelmente um desabafo!

O time em campo é reflexo e reflexos não mentem. Reflexos transparecem, traduzem, desenham o que há fora das quatro linhas. O time apático, desorganizado, sem objetivo é reflexo limpo como água da direção que segue para se despedir do clube. 

Abel após a desclassificação declarou sem remorso, vergonha ou até nenhum senso que: “Não tem tática. Nem estratégia. Coloquei uma equipe mais experiente pelo grau de dificuldade do jogo.”

Quando fala de uma equipe mais experiente, Abel ignora as péssimas decisões dentro de campo. O mais experiente da lateral direita, Rodinei, que foi seu escolhido para o jogo,  tem em duas temporadas menos assistências que o jovem Heitor na atual temporada. 

Quando abdicou de “tática e estratégia”, Abel além de desrespeitar o adversário, que vem em um trabalho consistente desde a primeira fase da competição, também abdicou de qualquer chance de conseguir a classificação, tanto que as melhores oportunidades e o gol somente saíram após a entrada dos jovens. Jovens que a experiência por ele pretendida deixou no banco de reservas quando escalou a equipe segundo a data de nascimento dos atletas. 

Abel que escolheu a experiência deveria ter ouvido a sua de alguns longínquos anos gloriosos da sua carreira, e ter continuado a aproveitar a vida longe da beira de campo. 

O Colorado, que se despediu de uma posição que galgou por várias rodadas no Campeonato Brasileiro, a liderança,  despediu-se agora merecidamente da Copa do Brasil. Não há demérito perder para uma equipe organizada, bem treinada e com objetivos bem definidos. O América-MG está onde está porque vem merecendo cada conquista, mas existe algo vexatório em ver como declaradamente a queda do clube se tornou um projeto pessoal para aquele que está a frente da instituição.

A despedida da Copa do Brasil coroa mais um dos fracassos de uma gestão apoiada no ego e endossada em antigos moldes que nunca objetivaram o clube acima de tudo, mas servir se clube sempre que puder. 

Em menos de 50 dias, Marcelo Medeiros levanta a sua bunda covarde da cadeira da presidência. Em menos de 50 dias, o presidente que bancou um reestruturação que nunca aconteceu e que preferiu afundar o clube no único momento que este conseguia enxergar uma luz no fim do túnel, despede-se de direção com o orgulho de não ter vencido nada, não ter conseguido nada e ainda entregar as contas com um déficit jamais visto. 

O resultado entre as quatro linhas é o das contas que não batem, da auto estima colorada  que Medeiros esbravejou ter recuperado sem ter feito que o clube chegasse a lugar algum e quando o fez voltar à elite do futebol, foi descaradamente com muitos trancos e barrancos no caminho. 

A ladeira que se encontra o Internacional neste momento é longa e bem inclinada. Agarrado aos 36 pontos deixados pelo único que visava um projeto a longo prazo, o Inter vê bater a sua porta os resultados das escolhas comandadas no alto escalão, as contas batendo nos portões sem perspectiva nenhuma de conquistas ou vendas de atletas, já que o treinador acha a experiência ser mais importante que a valorização dos jovens. 

A lista de fracassos é longa, amparada em derrotas vergonhosas, em eliminações pobres e clássicos humilhantes. Medeiros fez do Inter o espelho de si mesmo, uma pilha de fracassos e decisões erradas, o problema é que se este covarde se despede do clube em menos de 50 dias, suas decisões se perpetuaram ainda tantas outras temporadas. 

 

“Não tem tática. Nem estratégia” disse o Abel, mas eu complemento, “existe o projeto da experiência em fracassar”.

 

Jéssica Salini

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.