NIGÉRIA, A SELEÇÃO PRESENTE EM TODAS AS COPAS

A Seleção mais vitoriosa do Continente Africano, luta todos os dias por igualdade e respeito no futebol feminino.

Foto: Divulgação


UM PAÍS APAIXONADO PELO ESPORTE:

O futebol é o esporte mais popular e mais amado na Nigéria desde 1906. Mas por muito tempo foi um esporte limitado apenas às forças armadas e somente em 1933 começou a se expandir pelo país com a criação de alguns clubes. Logo não demoraria para esse esporte conquistar o coração das mulheres nigerianas, que mesmo com toda dificuldade continuavam a buscar reconhecimento no país e mesmo sem apoio, partidas de futebol feminino eram relatadas nos jornais nigerianos em 1940, algumas dessas partidas até com a presença de torcida. No ano de 1978 com a criação da Associação Feminina de Futebol da Nigéria (NIFFOA) o futebol feminino começou a crescer no país depois no ano seguinte mudou para NIFFPA (Associação de Proprietários de Futebol Feminino da Nigéria) se juntando a alguns clubes que já disputavam a modalidade.

Foto: Divulgação

 

"Eu venho de um ambiente difícil, onde você não tem o direito de seguir seus sonhos, você não pode dizer livremente ao seus pais que você quer jogar futebol. Para nós temos essa mentalidade de que as mulheres não devem prosseguir uma carreira esportiva " (Asisat Oshoala ao Sports This Morning).

A Nigéria vem buscando a muitos anos, aumentar a popularidade do futebol feminino e hoje em dia o governo, junto com a Federação de Futebol Nigeriana (NFF), disponibiliza recursos para o crescimento e a organização da modalidade. Quem cuida do futebol feminino na Nigéria é Aisha Falode desde 2017, a NWFL (Nigeria Women Football League ) é quem organiza os principais campeonatos de futebol feminino, como a Taça Feminina da Nigéria e a Liga Feminina da Nigéria (NWPL). O futebol no Continente Africano no início, era considerado de natureza masculina e por isso os homens nem ligavam ou muito menos se importavam com o crescente interesse da mulher pelo futebol, o que acabou atrasando o desenvolvimento dessa modalidade inclusive na Nigéria, onde ainda vemos esse reflexo. Até hoje o futebol feminino no país sofre com constantes casos de preconceitos e humilhações sofrido pelas jogadoras profissionais e amadoras, mas elas não desistem e a cada dia buscam o melhor para desenvolver a modalidade em um país apaixonado por futebol.

AS RAINHAS DO CONTINENTE:

Como já vimos a Nigéria ama o futebol e cada Seleção desde a divisão de base passando para as seleções principais tem seus apelidos. A Seleção Masculina são as Super Águias (Super Eagles), as meninas da Seleção Sub-20 são As Falconetes (The Falconets), as meninas do Sub-17 são As Flamingos (The Flamingoes) e Super Falcões (Super Falcons) é a Seleção Feminina da Nigéria (38° no ranking da FIFA) que vai representar o país na França.
Quando o assunto é Copa do Mundo, a Nigéria é experiente e ao lado de Brasil, Estados Unidos, Noruega, Alemanha, Suécia e Japão, esteve presente em todas as edições do torneio desde 1991. Mas ao longo de sua jornada em mundiais a Seleção Nigeriana não conseguiu obter boas participações e foi em 1999 na terceira edição do torneio, onde as Super Falcons conseguiram ir mais longe até as quartas de finais. Na copa que foi realizada nos Estados Unidos as Nigerianas acabaram caindo no Grupo A ao lado das anfitriãs, da Coréia do Norte e da China e mesmo com dificuldades conseguiu chegar às quartas dando de cara com a Seleção Brasileira. As meninas do Brasil saíram na frente naquela partida e estavam vencendo por 3 a 0 porém as Nigerianas foram buscar o empate mas acabaram sendo eliminadas no fim, no gol de ouro marcado por Sissi. Nas outras edições, os desempenhos foram frustrantes já que as Nigerianas não conseguiram passar da fase de grupos.

 

Foto: Site Oficial da FIFA


Mas se em Copas do mundo as Nigerianas não alcançaram bons resultados, no Continente Africano elas reinam soberanas. Na maior competição africana que envolve o futebol feminino a Taça das Nações Africanas (Women África Cup of Nation) realizada pela Confederação de Futebol Africana (CAF), as Super Falcons ostentam 9 títulos de 11 edições realizadas do torneio. O último título foi conquistado em 2018, derrotando a Seleção da África do Sul por 4 a 3 nos pênaltis e garantindo a sua vaga para a Copa. A Seleção Nigeriana está no Grupo A ao lado da anfitriã França, Coréia do Sul e Noruega com quem fará a sua estréia no dia 08 de Junho. A Seleção está se preparando na Áustria e nessa Copa vai em busca de voos mais altos e tentar mudar esse histórico das competições anteriores, levando o sucesso do futebol que encanta a África para o mundo.

AS 23 CONVOCADAS:

A Seleção Feminina da Nigéria é comandada pelo experiente sueco de 54 anos, Thomas Dennerby que assumiu o comando da Seleção em Janeiro de 2018. O treinador vai disputar a sua segunda Copa Feminina e em 2011 conseguiu levar a seleção do seu país, a Suécia, ao terceiro lugar na competição. Agora Dennerby vai tentar levar as Super Falcons o mais longe possível na competição, mesmo sabendo que está em um grupo onde se encontram grandes favoritas:

- Quando você vai para uma Copa do Mundo onde vamos jogar contra a Noruega, a Coreia do Sul e a França, será um desafio totalmente novo para as jogadoras. Precisamos trabalhar na criação de chances contra as melhores equipes. Precisamos trabalhar em nosso jogo e tentar dar as jogadoras mais confiança na bola. Disse em entrevista ao site da FIFA.

Goleiras: Tochukwu Oluehi (Rivers Angels), Chiamaka Nnadozie (Rivers Angels), Alaba Jonathan (Bayelsa Rainhas)

Defensoras: osinachi ohale (Vaxjo), Ngozi Ebere (Arna-Bjornar), Onome Ebi (Henan Huishang), Fé Michael (Pitea), Chidinma Okeke (robo)

Meias: Amarachi OKORONKWO (Nassarawa Amazonas), Evelyn Nwabuoku (Rivers Angels), Rita Chikwelu (Kristianstads), Chinaza Uchendu (Braga), Ngozi Okobi (Eskilstuna United), Rasheedat Ajibade (Avaldsnes), Halimatu Ayinde (Eskilstuna United), Ogonna Chukwudi (Djurgardens)

Atacantes: Anam Imo (Rosengard), Asisat Oshoala (Barcelona), Desejo Oparanozie (Guingamp), Uchenna Kanu (Southeastern Fogo), Francisca Ordega (Shanghai Shenhua), Chinwendu Ihezuo (Henan Huishang), Alice Ogebe (Rivers Angels)

 

Foto: Twitter Oficial da Federação @TheNFF

Destaques:

Asisat Oshoala: A atacante de 24 anos é a principal estrela da Seleção Nigeriana. Oshoala já atuou em grandes clubes da Europa como o Arsenal, Liverpool e atualmente defende as cores do Barcelona com quem acabou de renovar o seu contrato por mais três temporadas. No Barcelona a atacante disputou esse ano a final da Liga dos Campeões Feminina, marcando o único gol da equipe que acabou perdendo para o Lyon. A atacante tem 3 Copas da África pela Seleção da Nigéria, 1 Copa do Mundo Sub-20 na qual foi eleita a melhor jogadora e artilheira da competição, 1 Copa da Inglaterra Feminina jogando pelo Arsenal e 1 Super Liga das Mulheres Chinesas. Em 2015 foi eleita a melhor jogadora de futebol do ano pela BBC.
"Quando tive a sorte de poder fazer o que eu gostava de fazer, aproveitei a oportunidade na melhor das hipóteses e, como meus pais finalmente concordaram, sinto que seria uma coisa boa. decepção para mim se eu não der o melhor de mim permanentemente " (Asisat Oshoala)

 

Asisat Oshoala ao lado de Messi Foto: Instagram Oficial da jogadora @Asisat_Oshoala.

 

Anam Imo: É a jogadora mais nova das Super Falcons com apenas 18 anos. A jogadora também é mais uma que atua na Europa, no FC Rosengard da Suécia. Anam Imo é uma das revelações da Seleção Nigeriana e vai disputar a sua primeira Copa do mundo. Imo já carrega consigo 1 título da Copa da África.

CURIOSIDADE:

Onome Ebi, a zagueira de 36 anos é a mais experiente da Seleção e a veterana em Copas do Mundo Feminina. Durante o torneio da França, a jogadora vai bater um recorde entre homens e mulheres, vai se tornar o primeiro Africano a disputar 5 torneios globais da FIFA (2003, 2007, 2011 e 2015). A jogadora atua na Ásia, no Henan Huishang da China, tem 4 títulos da Copa da África e em 2018 foi eleita a jogadora do ano pela NFF.

"Jogar em cinco Copas do Mundo vai me fazer sentir como se eu tivesse conseguido tudo o que há no futebol", disse à BBC Sport.


Texto: Jessica Martins

Fonte: Wikipedia; FIFA; BBC; CNN.