NO PALCO DE ARTISTAS E JOGADORES… ELE FOI PROTAGONISTA!

 

(Foto: Divulgação/Coritiba)

 

Ele foi protagonista no palco de artistas e jogadores, seu passado é sem igual! Encantou o país do futebol com a arte de seus grandes valores, seu nome pelo mundo brilhou! Jogando pelos campos brasileiros, despertou na torcida, emoção. Dirceu Krüger foi campeão do Povo e só trouxe alegria ao meu coração!

 

Coritiba x Rio Branco, na semana de inauguração de sua estátua, Dirceu deu o pontapé inicial da partida em 2016.

(Foto: Site Trivela)

 

Meu pai sempre me dizia: “Filha… não se fazem mais jogadores como antigamente. Antigamente jogador honrava a camisa e amava o seu clube! Antigamente tínhamos jogadores como o Krüger!”

Eu sei que não há palavras, textos, frases, nem tampouco imagens capazes de representar o amor de Krüger pela Instituição Coritiba Foot Ball Club. O alviverde de sua Alma Guerreira era nítido em sua face! E ele nos deixou nesta semana, depois de mais de 50 anos de dedicação ao Clube.

 

Krüger foi um Herói, foi um Ídolo, foi o Flecha Loira... mas há algo que ele não foi: Krüger não “FOI” um TORCEDOR COXA-BRANCA, pois para o verdadeiro Torcedor Coxa Branca que era, o verbo “FOI”, simplesmente não existe.  Krüger é CORITIBA ETERNAMENTE e onde estiver, com certeza, tem em sua alma o brilho das cores alviverdes!

 

Eu poderia falar de seus muitos e muitos feitos, como a maioria dos jornais... mas este é um Blog de torcedoras, certo?! e como torcedora eu não tenho e nem quero profissionalismo, eu quero apenas contar-lhes do “Seu Krüger”. Aquele que eu encontrava nos elevadores da superior, aquele que me sorria e acenava para a cabine da RÁDIO CORITIBA toda vez que Rammon Mendes, ao meu lado, fazia alguma alusão ao seu nome durante a transmissão. Aquele que era dono dos olhinhos azuis mais encantadores do Major. Olhos que irradiavam a paixão pelo Coxa em cada jogo...

 

Desde os tempos de jogador, depois comissão técnica e mesmo na base, tive a oportunidade de vê-lo atento, assistindo as partidas vestindo sua japona escura com o escudo do Coritiba estampado, ou com seu tradicional colete de lã, muito elegante por sinal. Lembro-me das várias vezes que o encontrei sorridente pelos corredores da sua primeira casa, o Couto Pereira. Sim! Sua primeira casa. Pois, fazia chuva ou sol, frio ou calor, em torno das 9h30 da manhã chegava o “Seu Krüger, distribuindo carisma e o famoso “Jhooovens!” para todos e não somente isso, quem o conheceu bem, sabe que em seu bolso sempre havia algo precioso: As balinhas FRUTIBELLO. Sua oferta com voz mansa e afetuosa de “quer balinha?” fazia qualquer um se derreter e aceitar o presente.

 

Jogo ao lado de Kruger no camarote da confraria dos Ex atletas em 2016.

(Fonte: Arquivo Pessoal)

 

Nunca houve e jamais haverá alguém como Dirceu Krüger neste Clube. Momentos inesquecíveis vivemos com ele, dentro e fora de campo.

Krüger não foi somente jogador, Krüger não foi somente funcionário. Krüger não é somente uma lembrança em forma de estátua. Krüger é uma Lenda. É a personificação de uma história gloriosa que guardaremos em nossos corações, ETERNAMENTE.

 

Deixo aqui, a singela homenagem de uma jovem torcedora que – infelizmente – não o viu jogar, mas reconhece, admira e agradece o seu passado de Glórias Alviverdes!

E com sua partida, desejo que no ponto mais Alto da Glória de Deus, Descanse em Paz a maior ALMA GUERREIRA de todos os tempos!

 

NOTA DA TORCEDORA

 

Pessoalmente, tomo a liberdade para homenagear este ícone contando aos senhores o fato que me ocorreu ou, melhor dizendo, o tumulto que eu causei em favor de Krüger, no último atletiba dentro da casa dos rivais. E há quem duvide de minha história, mas com testemunhas para me confirmar, a contarei sem exageros.

 

Resumidamente: Ao final da partida, após a derrota, todos os torcedores do Coritiba, naturalmente, retiraram-se das arquibancadas. Mas eu NÃO! Pelo nervosismo do momento, ninguém reparou, mas a Nossa Lenda estava adentrando o gramado. Ele, o Dirceu Krüger havia chegado, para um feito terrível, eu sei... mas ele estava ali e eu não poderia deixar de observá-lo.

 

Neste contexto, fiquei olhando por minutos aquela cena e decidi: Não saio daqui enquanto Krüger estiver no gramado. Em meu pensamento, seria uma falta de respeito com O MAIOR JOGADOR DA HISTÓRIA DO MEU CLUBE, o meu Coritiba, eu sair da arquibancada enquanto a ele estava em campo. E não sai.

 

Sentada na bancada, quase vazia, meu fiel escudeiro, Rogério Ferreira, retornou e perguntou o porquê da minha permanência. Expliquei minha devoção e simpatizando-se dela, ele também se manteve firme ao meu lado. Óbvio que os seguranças do antigo meio estádio não entenderam nosso gesto e exigiram que deixássemos o local. Calmamente falei, “não vamos sair antes de Krüger volte aos vestiários”. O tumulto começou. O que era 5 seguranças, tornou-se 10 e logo haviam 15... e eu, única mulher, permanecia sentada assistindo o meu Flecha Loira sofrer calado o momento da entrega de sua taça.

 

Mesmo em meio ao tratamento ríspido dos seguranças, recusei-me a sair, briguei, e de forma TEIMOSA, BIRRENTA e MAL EDUCADA sim, eu sentei na arquibancada e repeti em alta voz: “EU NÃO SAIO DAQUI ENQUANTO AQUELE HOMEM ESTIVER EM CAMPO...”. Futebolisticamente falando, os seguranças eram ignorantes e simplesmente não entendiam a minha reverência. “NÃO INTERESSA QUEM ELE É!” diziam... oi? Não interessa? Quando ouvi isso, revoltei-me e na arquibancada, sai descendo degrau por degrau gritando, sim, gritando em alto e bom som, no meio de todos eles, as seguintes palavras: “Ele é o Krüger! Ele foi campeão Fita-Azul em 72. Campeão do torneio do Povo em 73. Campeão brasileiro em 85. Ele é o maior jogador da história do meu Coritiba e vocês não entendem o desrespeito que é sair daqui enquanto ele ainda está em campo?!

 

Não, eles não entendiam. Fui arrastada para fora (quase detida pela PM) e meu colega, torcedor raiz, Rogério, presenciou toda a cena, podendo confirmar a sua veracidade aos descrentes do ocorrido.

 

Por fim, fiquei dias pensando se realmente toda aquela polêmica que causei era necessária. E hoje, eu vejo que sim! Minha briga para permanecer minutos a mais ao lado dele, em campo, ficará para sempre em minha memória, como a despedida mais sincera que eu poderia ter lhe dado, e a que ele gostaria de receber. Uma despedida de alguém que ficou na arquibancada, olhando encantada por seus passos pelo campo, campo onde ele mais amava correr e voar como uma flecha. Adeus, Krüger.

 

Momento da Premiação sob a ótica da autora.

(Foto: Arquivo Pessoal)

 

*Sobre o time, a perda do título nos últimos dias pesou mais ainda em nossos corações. Nunca perdoaremos o fato da taça dele estar na casa do rival. Por outro lado, admiro a ação dos torcedores, que unidos, homenagearam essa Lenda enquanto vivo. Ele recebeu todo o carinho que lhe era devido!

 

Por Ciça Diniz