NOVO REVÉS SOB OS EFEITOS DE UM FURACÃO
Fluminense perdeu para o Athletico-PR, por 3 x 0, na Arena da Baixada e permanece a um ponto da zona de rebaixamento.
Foto de Mailson Santana
Foi uma derrota justa e o elenco tricolor pagou caro pelas falhas cometidas durante a partida como a falta de variações em jogadas ofensivas e habilidade dos homens do ataque. Viu-se diante de um adversário com postura combalida e que soube imprimir um ritmo frenético desde o início do confronto. O time paranaense dominou a partida e não encontrou nenhum obstáculo para garantir o triunfo ainda no primeiro tempo, com gols de Lucho González e Rony. O marcador foi ampliado no final da segunda etapa, com tento de Marcelo Cirino.
A nova derrota manteve o Fluminense na 16ª posição da tabela, flertando com a zona de rebaixamento, a frente do CSA, Grêmio, Avaí e Vasco. Com 15 gols tomados em sete rodadas, garantiu o título de pior defesa do Brasileiro da série A e conseguiu levar mais tentos do que clubes que ocupam o Z4, como Grêmio e CSA, com 11. Tem dois jogos pela frente, antes da paralisação do campeonato para a realização da Copa América, um contra o Flamengo, no Maracanã, e outro com a Chapecoense, na Arena Condá.
O Furacão mostrou seu potencial tático desde o início do jogo e partiu avassalador para cima da defesa tricolor e com uma disposição invejável criou inúmeras jogadas ofensivas perigosas. Em busca do gol destacou-se Roni, um valente raçudo que abusou de fatores como agilidade e sagacidade em tirar proveito de espaços descobertos ao longo do campo. O Fluminense até tentou avançar, mas penou diante da rapidez do adversário e foi incapaz de efetuar uma marcação eficiente para travar os avanços do ataque paranaense.
Com vinte minutos, nas costas da zaga tricolor, Rony cruzou pela esquerda e encontrou Lucho González bem posicionado que subiu livre e cabeceou para abrir o placar, sem chances para o goleiro Rodolfo. O tento deixou o Tricolor mais perdido ainda dentro de campo e ao invés de buscar reverter o placar se entregou e viu o rival passear e aproveitar todos os espaços deixados em branco. Com trinta jogados assistiu a nova investida perigosa de Marco Rubén que recebeu bola na área e chutou para defesa de Rodolfo.
Yony González mostrou garra em campo
Foto de Mailson Santana
A falta de controle emocional do elenco tricolor traduziu-se na figura de Airton que, aos 32, errou na mão e entrou de maneira violenta e completamente desnecessária em cima de Bruno Guimarães. O resultado foi o cartão vermelho e a expulsão. O jogador foi uma nulidade em campo e deixou o Fluminense com um homem a menos diante do gigante Furacão.
Com apenas dez em campo agravou-se a dificuldade do Tricolor avançar e isso resultou no segundo gol do rival. Aos 37 minutos, Rony não se fez de rogado diante de cruzamento, cabeceou cruzado e estufou as redes.
O adversário continuou a brincar de atacar no segundo tempo e, novamente, exerceu total domínio no campo e aproveitou todos os furos deixados pelos flancos laterais. Foi uma pressão constante para percorrer a distância entre o meio do campo até a pequena área, o que foi feito sem muita dificuldade diante de um Fluminense apático e sem brilho.
O tricolor conseguiu duas boas chances de marcar, com jogadas de Yony González só que, infelizmente, encontrou uma defesa bem colocada e um goleiro em dia inspirado. O Athletico manteve a posse de bola e, aos 38, fez seu terceiro gol em jogada individual de Marcelo Cirino que contou com a “ajuda” do zagueiro Yuri, que desviou a bola e prejudicou uma possível defesa de Rodolfo.
Fernando Diniz escalou o time de maneira equivocada para a partida com o objetivo de manter o sistema de retranca e apostou nos contragolpes, só que sem os jogadores ideais para tal. Sem Ganso, Gilberto e Luciano, poupados, o elenco não teve o mesmo peso e limitou-se no ataque com algumas jogadas individuais ou de bola parada. Airton, escalado na vaga de Ganso, não apresentou futebol a altura e com sua saída, pela expulsão, prejudicou qualquer tipo de equilíbrio no confronto.
O auxiliar Márcio Araújo foi coerente nas substituições
Foto de Mailson Santana
Desta forma, o trabalho de seu auxiliar técnico, Márcio Araújo, que comandou o time no duelo já que Diniz levou cartão vermelho no jogo contra o Bahia e não pôde estar diante da equipe, foi prejudicado e ele tentou acertar as coisas com substituições plausíveis. A entrada de Guilherme, no segundo tempo, ajudou na melhoria da produção do tricolor, já que ele buscou muito a saída de bola e fez algumas boas transições com os atacantes. No entanto, não contou com a disposição do grupo como um todo.
Igor Julião esteve péssimo no apoio e marcação, tanto que dois gols do Athletico nasceram em jogadas feitas pelo seu lado. O defensor Nino não repetiu suas últimas boas atuações e passou o jogo sem acertar seu posicionamento, além de ser incapaz de marcar Lucho González com eficácia, no lance do primeiro gol, e Rony, na jogada do segundo. A zaga perdeu ainda mais sua consistência com a saída do xerife Matheus Ferraz, por lesão, substituído por Yuri que pecou na tentativa errônea de cortar o chute de Marcelo Cirino, que resultou no terceiro tento.
Quem tentou na vontade reverter o cenário foi Yony González ao aproveitar as poucas bolas que chegaram até ele à frente com boa movimentação. Brenner estreou com fôlego e tentou colaborar numa possível reação. Como o time criou pouco, o atacante João Pedro recebeu poucas bolas e quando a teve nos pés levou algum perigo ao rival com sua habilidade. No entanto já era tarde para evitar o desfecho negativo irreversível.
Baixas importantes no final do jogo. Airton, pela expulsão, e Nino, pelo terceiro cartão, não enfrentarão o Flamengo no clássico. Para piorar, perdemos duas peças de extrema relevância, num time já desfalcado. Matheus Ferraz deixou o campo sentindo dores no joelho esquerdo e Yony González a coxa esquerda. Ambos serão avaliados pelo Departamento Médico do clube para saber se poderão disputar jogo importante contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, na quarta (5), que vale vaga nas quartas de final da competição.
Caso sejam vetados, Diniz terá Frazan, como opção na zaga, e Brenner, Kelvin e Ewandro para o ataque no lugar do colombiano. Mais uma vez, limitação do elenco do Fluminense se faz presente e pode impactar negativamente a atuação do elenco nos próximos importantes compromissos.
No final da partida, Caio Henrique colocou sua preocupação sobre a atuação da defesa e laterais durante os 90 minutos e comentou que a pesada sequência de viagens atrapalhou o rendimento do grupo.
“Enfrentamos uma sequência difícil de jogos e também de viagens. Não soubemos aproveitar nossas oportunidades e demos um pouco de espaço para o Athletico, que é uma equipe muito forte. Estamos bobeando sempre no começo do jogo. A gente está tomando gols que, às vezes, a gente conversa antes e, lá dentro de campo, a gente não está conseguindo evitar”, analisou.
Em coletiva de imprensa, findo o jogo, o auxiliar Márcio Araújo também colocou a sucessão de jogos e viagens como causa da decisão de poupar alguns dos titulares, o que influiu na produtividade do elenco.
“Infelizmente, perdemos o jogo, tivemos dois jogadores que saíram machucados, um expulso, um gol contra. Claro que não tiramos o mérito do adversário, mas foi uma tarde difícil para a gente. De momento é agradecer os jogadores pelo esforço que tiveram. Não foi possível reverter o quadro, jogamos bastante tempo com um jogador a menos e o Athletico é um adversário difícil jogando em casa, mas agora é ter equilíbrio e aprender as lições que a derrota nos impõe”, argumentou.
O auxiliar projetou o próximo confronto decisivo contra o Cruzeiro na próxima quarta (05), pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
“Fizemos boas apresentações nas duas partidas contra eles. O Cruzeiro é uma das melhores equipes do futebol brasileiro, tem a vantagem de jogar em Minas e será um jogo difícil, então, é muito importante nos prepararmos da melhor maneira”, afirmou.
Carla Andrade