O FUTEBOL COBRA NOS DETALHES

Foto: Ricardo Duarte

 
 

 

O Internacional foi à Argentina coroar a fase que vive com uma eliminação nas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Na Bombonera, o Colorado até saiu vitorioso nos noventa minutos, mas deu adeus à competição em mais uma cobrança de pênaltis.

 

Só o torcedor Colorado é capaz de entender o nível de crueldade a que está sujeito passar pelo resto da vida. Se depois de perder por 1x0 no jogo de ida e não apresentar bom futebol, na partida seguinte, pelo campeonato nacional, o Inter chegou à capital dos hermanos menos acreditado do que convém a sua tradição e o peso da sua camiseta. Quando entrou em campo foi capaz de surpreender o mais cético dos torcedores.

 

O Colorado que entrou em campo em um dos palcos mais bonitos e vivos do futebol foi um que não tinha tocado na bola nas últimas semanas, foi vivo, astuto, inteligente e fez um primeiro tempo de alto nível. O Inter  colocou o Boca na roda nos primeiros 45 minutos e o crime desta história começou a acontecer quando o time não acertou o alvo, o gol que não aconteceu na primeira etapa teria mudado a história.

 

Aos 3 minutos da segunda etapa o toque de crueldade, numa jogada bem construída aparece um pezinho áureo-cerúleo para marcar, a bola sobra em  Fabra que marca contra, Boca 0x1 Internacional.

 

Parecia que dava, parecia que ia, parecia que o ano seria menos desgraçado, afinal de contas se classificar em cima de um Boca Juniors é "detalhe" que muda qualquer prospecto e ânimo. Parecia de verdade que aquela sortezinha que nos rondou em alguns gols nesta temporada estava ali nesta noite, mas a sorte só acompanha aqueles que fazem boas escolhas por ela.

 

O Inter tem a tradição de sofrer sempre que consegue marcar um gol, respirou fundo e recuou. O adversário, sem pressa nenhuma, já que não vinha se saindo melhor no jogo jogado, entrou na brincadeira e ambos resolveram administrar o tempo.

 

Nos minutos finais, com as trocas promovidas por Abel e o oxigênio novo dos guris dentro de campo, o alvirrubro quase chegou lá, mas quase não leva ninguém a nada e o apito do árbitro sinalizou que íamos para as penalidades máximas.

 

Antes do apito final esperava-se que D'Alessandro viesse a campo, o ex-jogador do River e com um bom histórico de aproveitamento nas cobranças era esperado entre os 5 primeiros batedores e a não entrada do camisa 10 vai assombrar os pensamentos do torcedor por muitas noites.

 

O argentino quis se proteger e pediu para não entrar ou Abel Braga simplesmente fez outra péssima escolha e preferiu deixar Lindoso em campo? Talvez a gente só saiba a resposta daqui alguns dias, talvez tenha que se contentar só com a nossa imaginação, mas esse fato tem um peso absurdo sobre o resultado final.

 

Nas cobranças, Lomba pegou uma das batidas, mas Rodrigo Lindoso como um acéfalo bateu para fora, tudo igual no 5x5. Nas cobranças intercaladas a péssima escolha de colocar um guri de 18 anos que estava visivelmente balançado para cobrar o último chute, Peglow errou e demos adeus à Libertadores.

 

Peglow errou como um guri de 18 anos atirado à uma fogueira que não lhe cabia, uma responsabilidade atirada no colo de um guri e que se tivéssemos um treinador à beira do campo que conhecesse seu plantel não teria acontecido.

 

Jéssica Salini

 

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.