O RESPLANDECER DAS AMERICANAS EM SOLO FRANCÊS

Seleção norte-americana triunfa sobre as anfitriãs francesas, por 2 x 1, e garante seu lugar nas semifinais da competição pela oitava vez consecutiva em oito edições

 

(Foto: Lionel BONAVENTURE / AFP)

Foto: FRANCK FIFE - AFP

 

O duelo entre as americanas e francesas, considerado por muitos uma final antecipada deste mundial, superou as mais altas expectativas criadas pelos amantes do futebol feminino. Dentro das quatro linhas, duas equipes aguerridas disputaram com talento sua vaga nas semifinais, conquistada com louvor pelas estadunidenses, com dois belos gols da estrela Megan Rapinoe. Apesar do tento de cabeça de Renard, aos 35 da segunda etapa, a França amargou a dolorosa desclassificação. 

A emoção permeou o combate desde os primeiros minutos e apenas quatro foram necessários para a atacante Rapinoe abrir o placar, numa cobrança de falta fantástica pela esquerda. Uma pintura digna de uma deusa dos gramados que chamou para si a responsabilidade de assumir o comando do time, mesmo sem carregar a braçadeira de capitã. 

A vantagem acelerou mais ainda o ritmo imposto pelas americanas, que ousaram pelos flancos laterais e meio em busca de espaços na marcação francesa com o intuito de ampliar o placar. As adversárias sentiram por demais o impacto do gol, feito com tamanha rapidez, e perderam-se em campo, incapazes de marcar com efetividade ou reagir ofensivamente. O nervosismo foi o maior rival das francesas que por precaução, recuaram e deixaram de lado o ataque. 

Aos 30, houve uma parada técnica para que as jogadoras pudessem se hidratar, devido ao forte calor parisiense dos últimos dias. Poderia ter sido um tempo para acalmar os ânimos das francesas, mas não funcionou desse jeito. Elas voltaram para os quinze minutos finais demonstrando a mesma inquietação. As americanas administraram o placar com sabedoria, mas apesar do domínio, tiveram dificuldade na hora de finalizar. Findou-se assim o primeiro tempo.

A impetuosidade americana também prevaleceu na etapa final e com menos de um minuto, Mewis chutou da entrada da área e Bouhaddi esforçou-se ao extremo para espalmar a bola, mas Heath aproveitou o rebote e bateu fechado e obrigou a arqueira a usar o pé para evitar o balançar das redes. Aos três, Rapinoe bateu um escanteio fechado pela esquerda, na primeira trave, e a zaga francesa falhou e, por muito pouco, Dunn não pegou a bola. 

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Megan Rapinoe e Alex Morgan

Foto: Getty Images - FIFA

O susto inicial gerou reação da equipe anfitriã, com mais capricho no toque de bola na saída de jogo, favorecendo assim alguns ataques. Brindadas com três escanteios sucessivos, as francesas tentaram cruzamentos rasteiros pouco aproveitados pelo posicionamento equivocado das atacantes. 

Com uma atuação abaixo da média, Lavelle foi comedida nas criações e Rapinoe era obrigada a voltar no meio campo para buscar a bola e sair nos contra-ataques. A entrada de Horan, aos 17, caiu feito uma luva e ela usou sua velocidade para dar maior movimentação no setor. 

A alteração surtiu efeito imediato e logo uma bela jogada de Alex Morgan surgiu pela lateral, de onde deu passe açucarado para Heath cruzar rasteiro e Rapinoe finalizar. A atacante percebeu a intenção de Morgan desde o início e acompanhou a bola para se colocar com precisão no lugar certo, na hora certa. Foi momento da coroação da atacante briosa, nos gramados de Parc des Princes, com seu quinto no mundial. 

O jogo ficou dramático para a equipe da casa, principalmente pela linha de cinco que as americanas formaram na defesa, o que dificultou a infiltração. Finalmente, a técnica francesa decidiu colocar sangue novo em campo, Coscarino, e tirar a exausta Gauvin, para agitar o trio de ataque.

Na sequência, Heath fez o terceiro gol americano, mas foi invalidado por impedimento da mesma. Novo fôlego francês apareceu e, com 35, elas chegam ao primeiro tento, em cobrança de falta de bola parada feita por Thiney e aproveitada por Renard, que subiu cabecear, sem a menor chance para a goleira americana, em partida exemplar. Foi o segundo tento tomado pelas estadunidenses na competição.

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A técnica Jill Ellis

Foto: Getty Images - FIFA

O duelo pegou fogo e, novamente, o descontrole das francesas arruinou por completo qualquer chance de empate. A entrada de Carly Lloyd foi benéfica no quesito experiência em administrar a vantagem. Minutos depois, Press entrou no lugar de Rapinoe, e assim as americanas souberam segurar o jogo, mesmo com os cinco minutos de acréscimos dados pela árbitra. Aos 50 minutos, findou-se a participação da França no mundial e fez-se a festa em vermelho, azul e branco no gramado e arquibancadas do estádio. 

O time comandado por Jill Ellis nunca olhou para trás, soube lidar com a pressão e manteve o recorde de marcar nos primeiros 12 minutos de cada um dos seus jogos na França. A técnica também quebrou o recorde e passou a ser a treinadora com maior número de partidas, 125, como regente da seleção americana.

Com um sorriso em seu rosto, esbanjou felicidade com o feito e disse aos jornalistas que foi a partida mais intensa que já disputou, creditando como fator de destaque, a resiliência de suas meninas em campo.  

“Elas foram fantásticas e sábias para saber qual carta precisariam usar em cada momento, em particular, usando as melhores táticas. Foi uma vitória linda e sentir essa onda feito um tsunami vinda das arquibancadas nos ajudou mais ainda na arrancada para finalizar o duelo”, declarou. 

Ellis finalizou sua entrevista afirmando que o grupo celebrará, descansará e cuidará da preparação para enfrentar o próximo adversário, a Inglaterra, no dia 2 de julho, em Lyon.

 

Carla Andrade