QUE DE FATO É CAMPEÃO!
O Palmeiras é o campeão paulista de 2020, e na tarde deste sábado (08), a torcida que canta e vibra pôde soltar aquele grito de campeão que estava entalado a 12 anos se tratando de Campeonato Paulista. E o comandante dessa festa foi aquele que estava à frente do Verdão no último título estadual em 2008: Vanderlei Luxemburgo. O ‘Pofexô’ mostrou para muitos céticos que ainda manja dos ‘pojetos’, e que pode botar um elenco desacreditado para jogar.
A mudança de postura da equipe daquele clássico disputado no dia 22 de julho para os dois últimos dérbis é nítida. O Palmeiras apresentou um futebol bonito? Não. Mas demonstrou vontade, teve garra, jogou com raça e lutou por essa camisa. O resultado foi o 23º título do Paulistão para a galeria alviverde. E Paulistão sim, pois não concordamos com a fala infeliz do presidente do clube (eu ao menos não concordo). Título é título, e em todo campeonato que se entra deve ser para ganhar, e como o estadual não seria diferente. E sejamos sinceros, quem é que não gosta de ser campeão hein? Mesmo que o campeonato não seja o mais importante de todos, mas levantar uma taça sempre é bom. Se for em cima do rival, melhor ainda, aí é satisfação dobrada.
Chegamos à final para disputar um clássico, que pode não ser o dos milhões ou das multidões, mas é o de maior rivalidade desse país. E para quem duvida, uso novamente a frase: você não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians!
Palmeiras vence o rival nos pênaltis e conquista seu 23º título paulista. Foto: Site Oficial do Palmeiras.
O JOGO
Diferente da partida de ida, tivemos um jogo mais disputado e bem movimentado, porém, as duas equipes pouco criaram chances de gol. Também não tivemos uma tarde de futebol bonito, mas tivemos sim uma disputa acirrada, pegada, digna do tamanho do dérbi. Mas após 90 minutos de apreensão, acréscimos e pênaltis, o Verdão volta a reinar no estado de São Paulo, e após 12 longos anos, o Paulistão acabou verde e branco outra vez.
A melhor oportunidade do Verdão durante a primeira etapa foi em um lance com Willian. Zé Rafael recebeu de Luiz Adriano, e mesmo se atrapalhando com a marcação, cruzou para dentro da área. Bigode recebeu e chutou em direção à meta adversária, mas parou na boa defesa de Cássio. Em seguida, fomos nós que levamos um susto, quando Jô conseguiu invadir a área do Verdão e passar por Weverton, mas para nosso alívio o atacante estava impedido. A etapa inicial se manteve equilibrada, já que nenhum dos dois times conseguiu ameaçar a defesa do outro, e assim fomos para o intervalo com 0 a 0 no placar, muita tensão e com fortes emoções para o coração palestrino.
Luxemburgo voltou do intervalo com mudanças: Rony e Bruno Henrique no lugar de Ramires e Gabriel Menino. Além das substituições, o Palmeiras voltou mais ligado para o segundo tempo, tanto que inaugurou o marcador logo aos 3 minutos. Viña cruzou e a bola encontrou a cabeça de Luiz Adriano, que mandou para dentro das redes. O desejo era um só: ter podido comemorar esse gol dentro do estádio! Mas a sensação de alívio e euforia foi igual. O Palmeiras estava disposto a brigar pela taça, e era isso que a torcida queria e precisava ver, um time com espírito guerreiro, disposto a lutar até o apito final, mesmo que não jogue bonito.
E o rival sentiu o golpe, pois não foi capaz de esboçar reação e ameaçar a meta (e a paz) alviverde. Fizemos valer o “título” de melhor defesa do campeonato, fizemos valer a defesa que ninguém passa, e não deixamos o adversário avançar. No entanto, o Alviverde também não conseguiu subir para o ataque, e não chegou a fazer boas finalizações. Os minutos se arrastaram no segundo tempo, e para piorar a ansiedade, o árbitro deu 5 minutos de acréscimos. É de dar um mini infarto em qualquer torcedor. O Palmeiras ia se segurando bem, tentando quem sabe achar o segundo gol e matar a partida. Mas aos 50’, restando apenas alguns segundos para o apito final, Gustavo Gómez achou que seria bacana fazer um pênalti em Jô, que cobrou e converteu. O coração chega errou as batidas, já que o título seria decidido nas penalidades máximas. Sentimos raiva do zagueirão na hora? Óbvio. Porém isso não tira o mérito de todas os bons jogos que fez. Vacilou, mas a alegria do título faz a gente perdoar.
Tenho certeza que até o torcedor mais otimista viu a final de 2018 passar como um filme na cabeça. Confesso que sinto pouca confiança em Weverton na hora de defender pênalti, mas o arqueiro calou a minha boca e foi gigante ao defender duas das cinco cobranças do rival. Com uma péssima batida de Bruno Henrique, também vimos Cássio defender uma nossa. Com a disputa empatada em 3 a 3, Patrick de Paula ficou responsável pela última cobrança, e assim como nas partidas anteriores, o moleque não tremeu e converteu, para fazer o Palmeiras campeão paulista de 2020.
Morremos mas passamos bem, e para a torcida rival que já contava com o tetra, não foi dessa vez.
Que de fato é campeão! Foto: Marcello Zambrana/AGIF
Não posso deixar de destacar a ótima atuação dos garotos da base. Patrick e Gabriel mostraram que sabem o peso e o valor do manto alviverde. Mostraram que o futebol nasceu com eles, e que eles nasceram para jogar. Mesmo diante da pressão e da importância do clássico, apareceram para o jogo, e não apenas neste, mas também na última quarta. E assim como foi diante da Ponte Preta. Inclusive, foi o gol de Patrick de Paula que garantiu o Verdão na final, e também foi de seus pés que saiu o gol e a redenção do título. Foi ele que pediu para bater o pênalti, segundo Luxemburgo. E ainda bem que o técnico confiou e acreditou. O moleque tem estrela, da Taça das Favelas para ser campeão estadual pelo Palmeiras. Com 20 anos, o jogador é um dos mais talentosos que foram promovidos da base.
E Gabriel Menino não fica atrás, o meia esteve em 12 das 16 partidas disputadas pelo estadual e não se deixou intimidar pela condição de estreante. O camisa 25 pode não ter anotado o seu, mas deu ótimos passes, participou de lances importantes e demonstrou segurança de gente grande. O Menino, que chegou às categorias de base do Verdão a 3 anos, joga como veterano, e mesmo com a pressão de uma final, chamou a responsabilidade e fez bonito. Gabriel mostrou que de menino, só tem o sobrenome.
Luxa ainda conta com Gabriel Veron, Ivan Angulo, Lucas Esteves, Wesley, Vinicius Silvestre, Pedrão e Alan. É meus amigos, a base vem forte, os veteranos que não abram o olho e mostrem o futebol que sabem, ninguém é insubstituível.
Gabriel e Patrick foram os destaques dessa reta final do Paulistão. Foto: Rodrigo Corsi/Paulistão/Divulgação
Vanderlei Luxemburgo alcançou a marca de técnico com mais títulos na história do Palmeiras, sendo 8 conquistas no total. Assim como em 2008, o treinador tirou o Verdão do jejum de título do Paulista. Respeitem o ‘pofexô’, aqui é ‘pojeto’ para c@r@l#o! Contrariando a teoria de alguns, Luxa voltou e não só tirou o Palmeiras da fila do estadual, como quebrou a recente hegemonia que o rival vinha criando.
Com a conquista do título, o Palmeiras se mantém na frente no quesito de finais, tendo saído campeão 8 vezes, contra 3 do rival.
O único defeito dessa final, foi não poder ter o estádio cheio, com a torcida que canta e vibra abraçando esse elenco que finalmente se dispôs a fazer a diferença. Mas por outro lado, também não tivemos nenhum intruso indesejado botando a mão na nossa taça.
“Palmeiras minha vida é você!”
Por Vânia Souza
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Blog Mulheres em Campo.