SELEÇÃO BRASILEIRA FEMININA DÁ SHOW EM ARARAQUARA

 

Emoção em receber a cria da cidade, Bia Zaneratto, e golear o México por 4 a 0

(Foto: Tetê Viviani)

No transporte por aplicativo, a caminho do estádio da Fonte Luminosa, com a minha mãe e minha filha, uma mulher dirigindo me deu a seguinte e certeira conclusão: até no futebol a mulherada está arrasando! E “arraso” é o adjetivo que efetivamente melhor define as meninas do Brasil. Invictas, sob o comando da sueca Pia Sundhage, as jogadoras brasileiras não apenas vencem, mas apresentam um futebol vistoso, gostoso de assistir, alegre, participativo e verdadeiramente ofensivo.

A primeira coisa que se ressalta neste time, é que ninguém tem medo de levar carrinho, nem chora quando vai ao chão, procurando antes de tudo, o drible, a arrancada, o gol, isto é, jogar futebol acima de tudo.

Nesta partida contra o México, que aconteceu na noite de domingo (15), o público de Araraquara pôde ver um Brasil extremamente ofensivo no primeiro tempo, com o domínio total do jogo que deixou o México quase inexistente. A equipe soube trabalhar a bola no meio de campo e no lado esquerdo com jogadas em profundidade, lançamentos perfeitos, dribles no canto da área, cruzamentos certeiros, passes de calcanhar, triangulações, enfim, o bom e velho futebol da bola no chão que muitas vezes não se conseguimos ver mais por aí.

O primeiro gol saiu de um lançamento pela esquerda de Bia Zaneratto para Cristiane que só tocou para o fundo do gol. O segundo gol, uma falta na entrada da área, com o chute de Debinha atingiu a gaveta do gol da goleira mexicana, totalmente indefensável. A goleira brasileira, neste caso, poderia ter cochilado lá trás no primeiro tempo, porque a primeira bola que passou no seu gol chutada pelas mexicanas, foi apenas no segundo tempo.

Já o terceiro gol saiu de uma jogada muito bem trabalhada do lado para o meio de campo, com passe de calcanhar, drible e triangulação e a visão estratégica de Cristiane, que colocou para o fundo da rede do time adversário numa bela cabeçada. Cristiane se consolida como a centroavante experiente que sabe fazer a leitura de jogo na hora certa e que o seu posicionamento vale mais do que mil correrias sem objetivo.

No segundo tempo, o México veio melhor do que estava no primeiro, conseguiu travar um pouco mais as jogadas da seleção brasileira, mas não a ponto de ameaçar o gol de Luciana. Contei na arquibancada, uma chance verdadeiramente perigosa para a seleção oponente e outra bola que passou raspando a mão da goleira. No mais, elas se preocuparam em não tomar mais gols e jogavam todas as bolas que interceptavam para a lateral, mostrando que não tinham nenhuma estratégia de jogo. Assim, tivemos apenas um gol do Brasil no segundo tempo, Milene trouxe a marcação para junto de si e a bola sobrou para Victória chutar forte e fazer o quarto e último gol do jogo.

Na arquibancada, a emoção ficou por conta da recepção à atacante Bia Zaneratto, filha de Araraquara que, além da sua família e amigos assistindo pela primeira vez o seu retorno à cidade com a camisa da seleção brasileira, teve a ONG Espaço Criança, onde Bia começou de fato a jogar, toda presente, com a criançada gritando o seu nome e uma faixa de agradecimento àquela que se tornou: fruto do trabalho da ONG e madrinha desse bonito trabalho social.

A faixa dizia: Bem-vinda Seleção Brasileira Feminina, Obrigado Bia Zaneratto! Madrinha, nós te amamos! E era visível a emoção das crianças que batiam palmas a cada jogada de sua ilustre beneficiada, torceram com total fervor e talvez, isso explica um pouco a afobação de Bia em determinados momentos em fazer o gol, pois seria uma maneira de agradecer tanto carinho. 

A atacante deixou claro em entrevista o quanto o trabalho da ONG foi importante na sua trajetória, que quando criança chegou a ser a única menina jogando futebol no meio de meninos e o treinador fazia questão de colocá-la como a número 10: “O Luiz sempre lutou por mim, no início tinha dificuldade por ser a única menina jogando entre os meninos e ele sempre fez questão de me colocar e ser a camisa 10. Ver essa turma gritando meu nome, com faixa e tudo foi muito gostoso, queria ter presenteado eles com um gol, mas infelizmente hoje não saiu" disse a jogadora após a partida.

Com a goleada, a Seleção Brasileira Feminina encerra 2019 invicta!   

 

Por Adrienne Kátia