WILSON: O CAMISA 84 É ÍDOLO INCONTESTÁVEL DO CORITIBA

 

O Blog Mulheres em Campo trouxe ao leitor uma coluna especial, onde toda segunda-feira uma de nós, colunistas, escolhe um ídolo de nosso Clube para homenageá-lo. Quando recebi o convite para participar da coluna e homenagear um ídolo do Coritiba, imediatamente um nome já veio à minha cabeça. WILSON! Por que não? Sem dúvidas, o grande e mais atual ídolo do Coritiba desde Alex em 2014. Não só um ídolo dos clubes por onde passou, mas também, o meu ídolo.

O que eu não esperava, é que essa oportunidade de homenageá-lo me levaria tão longe. O que era para ser um artigo se tornou uma experiência incrível, a qual terei o prazer de dividir com você, leitor. Então é a ele que prestamos esta homenagem no artigo de hoje!

Jorge Rodrigues/Ag Eleven/Gazeta Press

(Foto: Jorge Rodrigues/Ag Eleven/Gazeta Press)

 

FICHA RÁPIDA:

Nome completo: Wilson Rodrigues de Moura Junior

Data de nascimento: 31 de janeiro de 1984 (34 anos)

Local de nascimento: Santo André, (SP), Brasil

Posição: Goleiro

Assinou o Coritiba em: 02 de julho de 2015 até o final de 2020

Clubes anteriores: Flamengo (RJ), Portuguesa (RJ), Olaria (RJ), Figueirense (SC), Vitória (BA)

 

O PRIMEIRO GRANDE ATO HERÓICO

Gostaria de relembrar aqui, brevemente, um fato que marcou a mim e a muitos torcedores do Coritiba, a noite em que Wilson conquistou de vez o coração da nação Coxa Branca. 25 de fevereiro de 2016. Campeonato Paranaense. No Couto Pereira, o Coritiba enfrentava o Rio Branco pela sexta rodada da primeira fase do Estadual, em uma noite de quinta-feira.

O público de quase 7 mil pagantes presenciou um jogo disputadíssimo, quase levando os torcedores apaixonados do Verdão e do Leão da Estradinha à óbito. Aos 11’ do primeiro tempo, o Rio Branco abriu o placar no Alto da Glória, mas o lateral Carlinhos empatou para o Verdão cinco minutos depois. Aos 33’, o Rio Branco fez mais um e ampliou o placar, no finalzinho do primeiro tempo, ainda nos acréscimos, em uma cobrança de escanteio do Verdão, o Leão marcou contra e empatou o jogo. Final de primeiro tempo, 4 gols! Que jogo, meus amigos.

Mas a segunda etapa prometia ainda mais adrenalina. O Rio Branco não queria parar de marcar gols, e aos 18’ fez o terceiro gol do Leão.

Lembro-me perfeitamente do clima de ansiedade que pairava nas arquibancadas do Couto Pereira naquela noite. A cada gol do Coritiba a torcida enlouquecia, e a cada gol do Rio Branco, enlouquecia ainda mais. Quando tomamos o terceiro gol, a arquibancada explodiu e a cobrança começou. Naquele momento, tão pouco lembrávamos que se tratava apenas de uma competição estadual, a qual o Coritiba já carrega 38 títulos. Naquele momento só o CORITIBA importava, era por ELE que estávamos lá, não pelo Campeonato.

E foram mais 30 minutos de pura angústia e loucura. Aos 45’ o juiz determinou mais cinco de acréscimo. E aos 49’: escanteio para o Coritiba, possivelmente o último lance do jogo. E foi aí que Wilson “meteu o loco” e se mandou pra área.

Devido ao lance de escanteio o árbitro deu mais um. E foi aqui que Wilson brilhou, cabeceou o cruzamento e... GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLL do Coritiba! O torcedor foi à loucura, a arquibancada incendiou e todos gritavam seu nome. WILSON!!!! Devemos esse momento a ele, assim como muitos outros que vieram depois desse.

“Mas Thalyta calma aí, se trata apenas de um empate em um Ruralzão, por que essa emoção toda???”

Assim como eu, muitos torcedores do Coritiba não se importam com a relevância da competição. Quando o Coritiba entra em campo, a paixão fala mais alto, e a cada gol, cada vitória, cada título, é como se fosse o primeiro. Cada jogo no Alto da Glória é único. E um empate nos últimos 30 segundos de jogo, feito pelo goleiro da equipe? É algo muito inusitado e é disso que o torcedor gosta. A emoção e paixão do torcedor não se explica, e também, não se questiona.

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Coritiba 3 x 3 Rio Branco, Campeonato Paranaense de 2016

(Foto: Portal CFC)

Agora, eu vou contar a vocês um pouco sobre a história e carreira do camisa 84, que vem carregando o Coritiba nas costas e fazendo história com o manto Alviverde.

 

O INTERESSE E A DESCOBERTA DO TALENTO NO MUNDO DO FUTEBOL

Wilson começou a jogar futsal com oito anos, ele conta que seu pai sempre o incentivou a jogar bola. Sua mãe o aconselhava a estudar e trabalhar, mais receosa quanto à carreira futebolística. Mas ambos o apoiavam e mesmo em meio a dificuldades, sempre o levavam aos jogos.

“Meu pai foi para o Rio de Janeiro a trabalho e passamos a morar em Caxias. Nos mudamos para a Vila da Penha e lá tinha uma quadra onde eu vivia brincando com os meninos. O pai de um dos meus amigos sempre montava um time para jogar contra os times do bairro. Em um desses fui chamado para jogar pelo Braz de Pina Country Club, com 10 anos. Logo depois teve um jogo contra o Coimbra, considerado o melhor time do bairro. A festa deles já estava preparada, se ganhassem eram campeões, mas ganhamos de 1 a 0 e fui eleito o melhor em quadra, ganhei prêmio das rádios e me destaquei. Aí um olheiro me chamou para o Fluminense.

(Trecho extraído de uma entrevista exclusiva ao Globo Esporte, em 2016)

O menino Wilson goleiro de futsal: artilheiro batendo livres e pênaltis na quadra

(Foto: arquivo pessoal)

T: Além do incentivo do seu pai, o que de fato despertou seu interesse pelo mundo da bola? Quando você ingressou em uma escola de treinamento aos 10 anos, desde então você já tinha dentro de si a certeza e a vontade de seguir carreira profissional como jogador de futebol, ou tinha algum outro sonho profissional?

“Acho que nosso país, principalmente todo menino, sonha com um dia crescer e se tornar jogador de futebol, não é à toa que o Brasil é o país do futebol, é nossa paixão. E desde pequeno primeiro brinquedo que todo menino ganha é uma bola, então já nasce gostando, crescendo e sonhando, vendo na televisão os jogadores, seus ídolos, e sonhando com isso. E quando eu comecei a jogar com 10 anos, nessa idade a gente começa a jogar mas é se divertindo, fazendo o que a gente gosta, lógico como eu falei, vendo os jogadores na televisão e um dia sonhando estar ali, e felizmente realizei esse sonho, mas no início realmente a gente tá ali se divertindo e fazendo o que a gente gosta que é jogar futebol”.

Wilson jogava futsal no Fluminense quando o pai de um amigo que jogava campo no Flamengo, o levou para fazer um teste. Embora nunca tivesse jogado campo, Wilson se saiu muito bem e naquele dia, pegou até pênalti, sendo aprovado. Além de atuar no futsal pelo Fluminense, Wilson atuou também pelo Vasco.

https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/e4/2017/11/07/goleiro-wilson-pelo-futsal-do-vasco-1510071111905_300x420.jpg

Wilson é premiado como goleiro de futsal do Vasco, em 1998

(Foto: imagens da web)

 

FLAMENGO, PORTUGUESA E OLARIA (2003-2006)

Após ser aprovado pelo Flamengo para iniciar nas categorias de base, com toda sua disciplina e dedicação, Wilson foi avançando em cada etapa e categoria, conquistando seu espaço. Participou inclusive de um projeto do Zico chamado “Soma”, onde os atletas que que se destacavam pelo seu potencial, participavam de treinos de fortalecimento muscular para crescer e ganhar massa.

Além do Flamengo, atuou passageiramente pela Portuguesa em 2006, chegando na reta final do Campeonato Carioca, onde também se destacou, mesmo com o rebaixamento. A imprensa chegou a comentar que se Wilson tivesse atuado desde o início, o time não cairia.

Após o Carioca, Wilson teve a oportunidade de jogar também pelo Olaria no mesmo ano, justamente pelo seu excelente rendimento na Portuguesa. E foi aí que o diretor de futebol, Anderson Barros, convidou Wilson para jogar pelo Figueirense, pois já vinha acompanhando seu desempenho desde a base do Flamengo.

 

FIGUEIRENSE (2007-2012)

Wilson brilhou de fato no mundo do futebol, aos 23 anos, após assinar com o Figueirense em 2007. Na estreia, um clássico catarinense, o Figueira venceu o Avaí por 3x0. E não demorou muito para se tornar um ídolo alvinegro devido as suas brilhantes atuações.

No mesmo ano, chegou a final da Copa do Brasil contra o Fluminense, mas não chegaram a conquistar o título. Foi Campeão Catarinense em 2008 e no mesmo ano, foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. Marcou três gols com a camisa alvinegra, sendo dois de pênalti e um de falta. Foi peça fundamental no elenco que levou o Figueirense para a Série A do Brasileirão, em 2011.

Ao total, foram seis anos pelo Figueirense, totalizando 331 jogos em sua passagem pelo Clube, números que levaram Wilson a conquistar a quinta colocação dentre os recordistas que mais vestiram a camisa de um clube no Brasil.

Por este motivo recebeu uma placa comemorativa, entregue pelo presidente Nestor Lodetti, ao lado dos parceiros do clube Wilfredo Brillinger e Eduardo Uram, materializando o sentimento de gratidão do clube pelo grande feito conquistado por Wilson.

Quando o assunto é Figueirense, Wilson sempre frisa seu carinho, respeito e gratidão ao Clube que lhe deu a oportunidade de aparecer no cenário nacional, além de todo seu carinho e respeito pela torcida alvinegra, que sempre reconheceu sua entrega em campo.

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“Tenho para mim que o Flamengo me formou como profissional e pessoa, mas o Figueirense me revelou para o futebol”

(Foto: imagens da web)

De uma forma lamentável, Wilson rescindiu com o Figueira após três meses de salário atrasado, deixando o clube em fevereiro de 2013, quando assinou com o Vitória.

 

VITÓRIA (2013-2015)

Wilson assinou contrato em 2013 com o Vitória, a princípio, para ficar no banco de reservas. Chegou no meio do Campeonato Baiano daquele ano e logo teve a oportunidade de jogar, após Deola (titular na época) fraturar o pulso em plena véspera de final do Campeonato.

E foi assim que Wilson foi Campeão Baiano com a camisa do Vitória, no clássico Ba-Vi. No jogo de ida pela final, o Vitória venceu o Bahia pelo placar de 7x3, ainda com o titular Deola. Wilson atuou no jogo de volta pela final e com o placar de 1x1, levantou a taça de Campeão Baiano junto ao restante do elenco do Leão.

Atuou também na segunda fase da Copa do Brasil do mesmo ano, onde alguns titulares foram poupados, em um jogo onde Vitória enfrentou o Salgueiro, num empate sem gols.

Foi o jogador que mais vestiu a camisa do Vitória em uma mesma edição de Campeonato Brasileiro desde 2003, quando o Campeonato começou a ser disputado por pontos corridos. Foram 90 jogos, sendo o goleiro com defesas mais difíceis (81 no total), se tornando o destaque do Vitória na temporada de 2013, terminando o campeonato na quinta colocação, uma das melhores campanhas da história do Clube. Contraditoriamente, no ano seguinte foi rebaixado para a Segunda Divisão do Brasileirão, ocupando a 17° posição da tabela.

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(Foto: EC Vitória/Divulgação)

 

AGORA VAMOS FALAR DE CORITIBA!

Wilson fez campanhas e jogos extraordinários nos clubes anteriores por onde atuou, e no Coritiba não foi diferente. Mencionei no começo desse artigo uma das grandes atuações marcantes de Wilson, aquela noite foi apenas o início. Além de minhas inesquecíveis lembranças de diversas atuações incríveis do nosso goleirão, eu quis ir além. Procurei o torcedor e busquei trazer neste artigo as atuações que mais marcaram a torcida Coxa Branca. E é sobre elas que vamos falar agora. São essas atuações que levaram o camisa 84 se tornar um dos grandes ídolos do Coritiba.

 

BOTAFOGO 0x0 CORITIBA (33ª Rodada do Campeonato Brasileiro de 2016)

Nem só de vitórias se constroem histórias. O grande responsável pelo empate em 0x0 no Luso Brasileiro contra o Botafogo em 2015, se deve, sem dúvidas, à brilhante atuação de Wilson. Ao total, foram seis defesas espetaculares. Ele evitou o gol em tentativas à queima-roupa, em cabeçadas perigosas e em finalizações cara a cara, garantindo um ponto fora de casa.

Aos 15’ do primeiro tempo, o meia Camilo cobrou falta, o zagueiro Emerson Santos desviou de cabeça, e Wilson fez sua primeira grande defesa no jogo.

Aos 34’, jogada parecida: Camilo cruzou, Emerson Santos finalizou - desta vez com o pé - e o camisa 84 salvou mais uma vez, mandando para escanteio.

Logo aos 3’ do segundo tempo, Sassá ajeitou, e Rodrigo Pimpão chutou cruzado. Wilson saltou e espalmou a bola, evitando o gol.

Logo depois, aos 5’, César Benítez não conseguiu afastar, e Camilo cabeceou livre na grande área. Wilson pulou e faz mais uma defesa difícil - a quarta dele no jogo.

Após cobrança de escanteio, o atacante Sassá dominou na área, mas o goleiro saiu de forma corajosa para evitar a finalização a gol.

Para fechar, já aos 46’ do segundo tempo, Camilo cruzou, e Sassá cabeceou. A bola desviou em Kazim no meio do caminho, e Wilson mostrou agilidade para salvar o gol.

Botafogo Coritiba Botafogo (Foto: Andre Durão)

“Feliz, feliz por ter contribuído com a equipe mais uma vez. É importante ajudar a garantir este pontinho para a gente” – Wilson

(Foto: André Durão)

 

ATLÉTICO DE BELGRANO 1(3)x(4)2 CORITIBA (Oitavas de Final da Copa Sul-Americana de 2016)

Sem dúvidas, esse jogo foi o carimbo de Wilson em toda sua temporada pelo Coritiba até aqui. Pelas Oitavas de Final da Copa Sul Americana de 2016, o Coritiba enfrentou o Atlético de Belgrano de Córdoba no Couto Pereira, onde perdeu pelo placar de 2x1 para o visitante.

O jogo de volta aconteceu na casa dos Piratas Celestes, na Argentina. Casa lotada, 55 mil torcedores do Belgrano. Aproximadamente 50 torcedores do Coritiba foram até o Estádio Mário Alberto Kempes, a quase 2000 Km de Curitiba, para presenciar de perto a classificação Alviverde.

Foto Galeria

(Foto: Portal Coritiba Foot Ball Club)

A partida equilibrada e bem disputada resultou em 1x2 para o Coritiba, sendo assim, a decisão foi levada aos pênaltis. Leandro errou a primeira penalidade, deixando o Verdão em desvantagem. Suárez, Bieler e Lema, garantiram os três primeiros gols do anfitrião. Bernardo, Juan e González marcaram três para o Coritiba. Na cobrança da quarta penalidade do Belgrano, Wilson trouxe a esperança da classificação com uma defesa indispensável: tudo igual, 3x3!!!

Logo em seguida, o goleiro Olavo pareceu não intimidar Wilson que, na cobrança, com muita categoria e tranquilidade, marcou o quarto gol do Coritiba nas penalidades.

 

ERA A HORA DA DECISÃO!!!

Gastón Suárez se posicionou, o árbitro apitou e em segundos, o torcedor Coxa Branca entrou em êxtase: Wilson defendeu a quinta cobrança agarrando a bola firmemente com as mãos e a levantando para o alto, tornando a defesa incontestável, assim como a classificação do time Paranaense para as Quartas de Final da Copa Sul-Americana de 2016. Momento este que, mais tarde, virou até tatuagem na pele de torcedor.

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A defesa da classificação

(Foto: Portal Coritiba Foot Ball Club)

Até então, o Coritiba havia disputado apenas seis partidas em terras estrangeiras (com dois empates e quatro derrotas). As únicas vitórias do time foram numa série de amistosos em 1972, que valeu o título honorífico da Fita Azul. Wilson não só consagrou a classificação, como quebrou um tabu do clube, que venceu pela primeira vez fora de casa em uma competição continental.

Quando fiz a pesquisa sobre qual atuação do Wilson mais marcou o torcedor, esse foi sem dúvidas, o jogo mais citado pela nação Alviverde. Essa noite ficará para sempre na lembrança e no coração de todo Coxa Branca.

 

SÃO PAULO 1x2 CORITIBA (18° Rodada do Campeonato Brasileiro de 2017)

A vitória marcante do Coritiba sobre o São Paulo diante do Morumbi lotado, sem sombra de dúvidas, deve-se também à Wilson. 53.635 mil torcedores presenciaram as defesas espetaculares feitas por ele, recorde de público do Brasileirão daquele ano.

Foram oito defesas importantes no primeiro tempo, garantindo os primeiros 45 minutos sem gols. Aos 14’ da segunda etapa Wilson fez uma linda defesa evitando o gol do adversário, assim como aos 30’, e em seguida aos 31’, e aos 39’, e aos 40’, e aos 42’... uma série incrível de defesas que vinham mantendo a vitória do Coxa no Morumbi. Aos 45’ Denilson marcou para o São Paulo, diminuindo a desvantagem, mas nem os cinco minutos de acréscimos foram suficientes para derrotar o Coritiba naquela noite. O Verdão voltou para casa com três pontos, e Wilson, com inúmeras defesas no currículo.

 

SPORT 3x4 CORITIBA (31° Rodada do Campeonato Brasileiro de 2017)

Esse jogo foi o maior teste cardíaco do torcedor de toda a temporada de 2017. Já em cinco minutos de jogo, o zagueiro Werley abriu o placar na Ilha do Retiro. Aos 14’ Wilson “operou um milagre” e evitou o empate numa cobrança de escanteio. Um minuto depois, fez mais uma defesa milagrosa, segurando o placar. Aos 16’, outra defesa no soco.

Mas o primeiro grande milagre veio mesmo aos 23’, quando Rildo derrubou Samuel Xavier na área e o árbitro marcou pênalti. Diego Souza cobrou, mas Wilson defendeu!

Para deixar o jogo ainda mais truculento, aos 29’ o Sport empatou, mas dez minutos depois, Henrique Almeida aumentou o placar: 1x2 Verdão. O jogo ficou quente, e aos 41’, gol dos cara: Sport empata novamente, e assim encerra o primeiro tempo: 2x2.

Aos 16’ da segunda etapa o Sport virou o jogo e marcou o terceiro gol, e pra piorar, aos 27’ Werley derrubou André na área e provocou mais um pênalti. HAJA CORAÇÃO! Haja mesmo, pois aquele dia era o dia de Wilson brilhar: defendeu a cobrança do pênalti cobrado novamente por Diego Souza, defendendo ainda a segunda tentativa no rebote. Duas defesas de pênalti na mesma partida, marco inédito na carreira do camisa 84.

Aos 33’, Jonas marcou o gol do empate pro Verdão: 3x3. Mas aos 45’, Yan Sasse fez o gol da virada, marcou o quarto gol e tirou o Coritiba da zona de rebaixamento naquela rodada. Que jogo, meus amigos!

 

CORITIBA 4x0 AVAÍ (32° Rodada do Campeonato Brasileiro de 2017)

A partida foi marcada não só pelo placar com quatro gols marcados e nenhum gol sofrido, mas também pela grande atuação do goleiro Wilson, que além de fazer defesas importantes que garantiram a vitória, também marcou um gol de pênalti: o segundo gol da noite e também seu segundo gol com a camisa do Coritiba, completando cinco gols ao longo da carreira até aquele momento.

T: Na posição de goleiro, o que te fez pegar gosto em ser batedor de pênaltis? Foi algo que você trabalhou e treinou para se aprimorar ou pegou gosto após descobrir que era bom nisso?

“Foi acontecendo né, eu não forcei, não é uma coisa que eu buscava, aconteceu naturalmente. A primeira vez foi lá no Figueirense, eu sempre tive uma certa qualidade de bater na bola, isso desde a época do futsal. O futsal me ajudou bastante, a gente trabalhava muito com o pé, e no Figueirense mesmo em 2009, passando um certo momento da competição, perdemos pênaltis em sequência, e uma hora o treinador falou para eu bater assim como foi aqui no Coritiba, foi assim que eu comecei a bater pênalti, não foi uma coisa que eu planejei, acabou acontecendo naturalmente”.

 

PARNAHYBA 1x1 CORITIBA (Primeira fase da Copa do Brasil de 2018)

Há quem diga que o gol do empate no Albertão, no Piauí, foi feito por Wilson. De fato, o gol foi marcado por Willian Matheus. Mas o destaque de Wilson nesse jogo se dá à raça do goleiro, que ao ver os minutos finais da partida escorrerem por entre os dedos junto da classificação para a próxima fase, se mandou pra área na última cobrança antes do apito final.

O Coritiba vinha perdendo de 1x0 para os donos da casa e consequentemente eliminado da competição, quando aos 51’, e uma cobrança de escanteio, Wilson acreditou que era possível fazer mais que defender o Verdão no gol. Assim como no jogo contra o Rio Branco no Couto Pereira em 2016, Wilson correu pra área na tentativa de marcar o gol. Marcando o gol da classificação ou não, o que importa é a raça e o comprometimento com o Coritiba, buscando sempre dar o seu melhor em campo, entregando o melhor resultado.

 

GOIÁS 0x1 CORITIBA (17° Rodada do Campeonato Brasileiro de 2018)

Em noite de casa lotada, o Coritiba venceu o Goiás por 0x1 no Estádio Olímpico, onde mais uma vez, Wilson garantiu os três pontos. O Goiás vinha de uma sequência de sete jogos sem perder. Em contrapartida, o Coritiba ainda não havia vencido uma partida fora de casa na competição. O gol do Verdão veio somente aos 28’ do segundo tempo com Nathan, e embora houvesse um certo equilíbrio em campo, o Goiás fez um verdadeiro inferno com o Coritiba, dando bastante trabalho à Wilson, que mais uma vez foi sagaz em suas defesas.

Nos acréscimos, William Matheus meteu a mão na bola dentro da área e entregou um pênalti de bandeja para os donos da casa; mais uma vez, Wilson tinha em mãos a responsabilidade de segurar o placar. Víamos a vitória escapar nos minutos finais, mas não naquela noite! Ao 50’, o batizado “São Wilson” brilhou mais uma vez e garantiu a vitória Coxa Branca, defendendo o pênalti cobrado por Giovanni.

 

UM ÍDOLO INCONTESTÁVEL

Essas foram somente algumas das partidas em que Wilson se destacou, mas a verdade é que em todo jogo, ele entra em campo com a apenas um objetivo: honrar a camisa do clube que se comprometeu a defender, e desempenhar essa função com maestria.

Não é à toa que se tornou capitão da equipe, com toda sua maturidade, comprometimento e principalmente sua humildade. A cada atuação brilhante do camisa 84, o torcedor volta a falar sobre construir uma estátua do goleiro e ajustá-la aos arredores do Couto Pereira, juntamente à estátua do ídolo Krüger. Será?

T: O que você acha sobre a ideia de ter uma estátua sua no Couto Pereira? Você se sente um ídolo, merecedor de tamanha homenagem?

“Ser ídolo não é uma coisa que se constrói de um dia para o outro, o tempo vai construindo isso durante sua passagem no clube. É muito relativa essa questão de ídolo, vai de cada um, cada torcedor da maneira que ele vê, que ele entende o que é um ídolo para ele. Mas eu só posso dizer que eu tenho muito carinho pelo torcedor e que eu fico muito grato por isso, sempre recebendo mensagens de apoio, palavras de carinho no dia a dia, nas ruas por onde passo, e isso é o que me deixa satisfeito, ver que as pessoas estão satisfeitas com meu trabalho. Não sei se sou merecedor de tamanha homenagem, um clube gigante como o Coritiba, com grandes atletas, grandes ídolos, mas só de ser cogitado isso e só de receber esse carinho dia a dia do torcedor eu já fico muito grato e satisfeito.

P: O que você sente pelo Coritiba? O que foi essencial para a construção desse sentimento?

“Eu tenho pelo Coritiba um carinho muito grande, muita gratidão pela oportunidade que recebi, e esse sentimento vai se construindo com o passar do tempo. A gente vai passando temporadas na equipe, vai adquirindo esse carinho, recebendo o carinho do torcedor, a confiança, o apoio, e esse sentimento vai se construindo com o tempo, fico muito feliz”.

P: Seu contrato com o Clube vai até 2020, depois disso, você pretende renovar com o Coritiba?

“Pretendo cumprir meu contrato até o final, mas a gente sabe também que no futebol, as coisas mudam rápido, de uma hora para outra pode acontecer uma situação boa para o clube ou para mim, modificando todo um planejamento que a gente faz. O futebol é muito dinâmico e a gente sabe que isso acontece, mas eu fico muito feliz com todo esse reconhecimento e carinho do torcedor, e procuro me dedicar cada vez mais nos treinamentos, nos jogos, para retribuir todo esse carinho e confiança”.

 

RECONHECIMENTO, ADMIRAÇÃO E AGRADECIMENTO AO ÍDOLO

O Coritiba fundou sua primeira escola especializada em goleiros em parceria com o craque, a Escola Coxa de Goleiros Wilson – W84, que atende alunos de 4 a 17 anos, que recebem um kit com uniforme inspirado no goleiro.

O coordenador da Escola Coxa explicou em nota o objetivo do projeto:

“Para nós do Projeto Escola Coxa ter o Wilson ao nosso lado é motivo de muita alegria e satisfação, pois ele além de ídolo da torcida coxa-branca é um grande exemplo de profissional e pessoa a ser seguido por todas as crianças do projeto Escola Coxa”.

(Foto: Página Oficial da Escola Coxa – Centro de Formação de Atletas no facebook)


 

A NÓS, RESTA APENAS A GRATIDÃO!

Esse artigo é uma homenagem em agradecimento e reconhecimento a um exemplo de profissional que por onde passa, deixa suas marcas de suor e determinação. É uma honra poder escrever sobre Wilson Rodrigues, uma inspiração não só para crianças e jovens que sonham em seguir carreira no mundo do futebol, mas também para jogadores já experientes, que buscam sempre entregar seu melhor em campo.

Espero ter honrado o compromisso que assumi ao homenagear um grande ídolo do Coritiba! Em meu nome e em nome de toda a Nação Coxa Branca, deixo aqui nosso eterno agradecimento por todas as batalhas em campo, Wilson!

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"Eu não vou desistir. Enquanto tiver chance não podemos desistir. Muita gente não acredita, mas eu acredito"- Wilson

(Foto: Portal CFC)


 

Por: Thalyta Viega e contribuição de Patrícia Moro