ZIQUITA: O HERÓI DO POVO

O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE! 

 

Existem vários tipos de ídolos na história de um Clube: aquele que foi o maior artilheiro, aquele que teve a maior identificação com a torcida, aquele que foi o principal jogador do maior título do time, às vezes um dirigente ou até um torcedor.

O nosso ídolo de hoje não está inserido em nenhuma dessas categorias. Isso porque o nosso ídolo Gilberto de Souza Costa, mais conhecido como Ziquita, virou ídolo do Atlético em 1978 ao provar que o impossível não existe.

Ziquita atuava como centroavante e começou sua carreira profissional do Esporte Clube Democrata – conhecido como Democrata de Governador Valadares – MG. Antes de jogar pelo Furacão, fez parte também do elenco do Clube Atlético Mineiro (Fonte: Wikipedia).

 

(Foto: OGol)

Mas foi no Furacão que ele entrou para a história do futebol. Naquele ano, o Atlético não vinha muito bem no Campeonato Estadual, não erguia a taça desde 1970 e via seu maior rival – o Coritiba - conquistar o hexa campeonato com os títulos de 71 a 76.

Voltando a 1978, o Atlético classificou-se para o quadrangular semifinal  do Campeonato Paranaense, e enfrentaria o Colorado - extinto e fundido com o Esporte Clube Pinheiros formando o Paraná Clube em 1989.

No dia 05 de novembro daquele ano, a Arena da Baixada estava quase lotada de atleticanos que acompanhavam aquele jogo que era muito importante para o rubro-negro, sem saber que o mesmo seria histórico. O início do jogo foi absolutamente desastroso e no primeiro tempo o Atlético já perdia por um a zero para o time visitante.

O segundo tempo não foi muito melhor e logo nos primeiros minutos o que se viu foi um massacre: O Colorado marcou mais 3 gols e já comemorava a goleada histórica, enquanto que a torcida atleticana, humilhada dentro de sua própria casa, assistia perplexa a goleada improvável que tomava naquele dia e aos poucos, começou a deixar o estádio, sem coragem de ver seu time perder daquela maneira.

Mas como num filme, em que as coisas se resolvem no apagar das luzes, alguém veio para mudar o curso da história e fazer parte dela. Aos 30 minutos do segundo tempo, o centroavante Ziquita marcou o primeiro gol atleticano, nunca cabeçada certeira daquele gol que, imaginavam, seria o gol de honra do time, já que depois de tomar 4, a torcida havia perdido quase toda sua esperança.

Mas não foi bem assim – graças à Deus, ou à Ziquita, vai saber. Aos 34 minutos, nosso personagem dominou de costas para o gol e virou para marcar o segundo.

Neste momento, a torcida atleticana que havia começado a se retirar do Joaquim Américo, timidamente começou a retornar, afinal, um 4 a 2 já não era tão feio assim e aquela pontinha de esperança ainda ardia nos corações rubro-negros.

Aos 36 minutos veio o terceiro, novamente da cabeça abençoada dele: Ziquita. Nesse momento, com a explosão do estádio, até os torcedores que já estava na rua começaram a voltar correndo para poder presenciar o impossível acontecendo.

 

C:\Users\Diego\Desktop\Daiane\4385761812_c7ff0ffb9b.jpg

(Foto: Arquivo/Tribuna)

 

E o impossível aconteceu: aos 43 minutos, Ziquita marcou o quarto gol, com toda raça que havia dentro de si. A festa da torcida incrédula, porém em êxtase foi inimaginável. Por ironia do destino, aos 45 Ziquita mandou mais uma bola para o gol, o que seria o gol da virada, mas essa bateu na trave.

Naquele dia os deuses do futebol passavam uma lição a todos os amantes da arte: sim, existem empates com gosto de vitória, com gosto de título, com gosto de campeão.

Ziquita saiu carregado nos braços da torcida e as manchetes no dia seguinte estampavam: “SÃO ZIQUITA, ressuscitou o Atlético”. Um título justo, já que nosso herói havia realizado um verdadeiro milagre.

unnamed

(Foto: Arquivo/Tribuna)

O resultado do jogo teve impacto também no extracampo com o técnico do Colorado pedindo demissão. Já o técnico do furacão ganhou confiança e ressaltou: “O Atlético Paranaense é força porque é do povo” (Fonte: Globoesporte.com).

 

Outra manchete trazia a seguinte frase: “Ziquita, herói do povo”!

O feito é contado e recontado aos mais jovens – como eu – que não presenciaram o momento, mas amam a história e fecham os olhos para tentar sentir a emoção daquele jogo.

Outra curiosidade é que se fôssemos contar todos os torcedores que afirmam ter estado no estádio naquele dia milagroso, daria para encher 3 Arenas da Baixada daquela época.

Até hoje, mesmo entre os mais novos, quando o Atlético precisa de resultados improváveis, São Ziquita, o nosso Santo das Causas (IM)possíveis é invocado! Foi ele quem nos ensinou que “O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE”.

 

C:\Users\Diego\AppData\Local\Microsoft\Windows\INetCache\Content.Word\ziquita02.jpg

(Foto: Furacao.com)

 

CUIDANDO DOS NOSSOS ÍDOLOS

Em 2017, com 64 anos, nosso herói sofreu um AVC e passou por dificuldades financeiras para manter o tratamento, já que após aposentar-se do futebol trabalhou como motorista, sem, entretanto, efetuar os recolhimentos aos INSS, razão pela qual não conseguiu obter a aposentadoria.

Morando com a esposa que é professora em Governador Valadares-MG, o ex-jogador estava também com dificuldades de fala e de locomoção.

Tocados com a história de nosso ídolo, os torcedores atleticanos começaram uma grande mobilização com vistas a ajudar aquele que faz parte da história daquele que mais amamos: O Clube Atlético Paranaense.

Por torcedores independentes foram arrecadados valores em dinheiro e aproveitando o aniversário do Clube, em março de 2018, torcedores ligados à oposição organizaram uma festa em homenagem ao nosso Ziquita, revertendo todo o lucro líquido ao ex-jogador.

Também o Clube promoveu uma tarde em homenagem ao ídolo, inaugurou uma placa, além de criar uma camisa comemorativa, cuja renda líquida foi revertida para auxiliar no tratamento de Ziquita. Nosso ídolo entrou em campo e foi ovacionado pela torcida presente.

 

C:\Users\Diego\Desktop\Daiane\images.jpg

(Foto: FotoFX)

C:\Users\Diego\AppData\Local\Microsoft\Windows\INetCache\Content.Word\DZLB8RHW4AAnJpY.JPG

(Foto: @Monivilela)

 

Em visita ao Centro de Treinamento do Atlético, esta colunista teve a oportunidade de conversar, abraçar e guardar para a posteridade uma foto com o São Ziquita.

C:\Users\Diego\Desktop\Daiane\45748_15219168580_thumb-5-3.jpg

(Foto: Site Oficial do CAP)

 

Clube e torcedores devem estar sempre unidos para auxiliar aqueles que escreveram nossa história e que são nossas melhores pontes entre o passado, o presente e o futuro do Clube Atlético Paranaense.

Obrigada, São Ziquita!

Por Daiane Luz